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AMÉRICA LATINA
Ministro da Justiça brasileiro nega que haja células terroristas na região, como afirmou o governo argentino
Brasil vê "demonização" da tríplice fronteira
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O ministro da Justiça do Brasil,
Paulo de Tarso Ramos Ribeiro,
negou ontem a existência de células terroristas na tríplice fronteira
com o Paraguai e a Argentina,
conforme divulgado anteontem
pela rede de TV CNN a partir de
informação do serviço de inteligência argentino. Para ele, há uma
tentativa de "demonização" da
região.
Ribeiro, que participava em Salvador de um encontro de ministros da Justiça do Mercosul, da
Bolívia e do Chile, evitou criticar a
Argentina, fonte da notícia. Referindo-se apenas à CNN, que já havia veiculado reportagens semelhantes, "existe uma campanha
da emissora para fazer uma demonização da região".
"Certamente existe um exagero
muito grande na divulgação da
notícia, já que autoridades dos
três países ainda não detectaram
nenhum problema relacionado
ao terrorismo", disse, novamente
sem se referir à Argentina.
Segundo a reportagem da CNN,
houve uma reunião de grupos terroristas ligados à rede Al Qaeda e
membros do libanês Hizbollah
(Partido de Deus) na região para
planejar ataques a alvos dos EUA
e de Israel.
"Os países do Mercosul já declararam que não vão dar trégua ao
terrorismo, mas não aceitam divulgações infundadas, que prejudicam a região", disse a ministra
da Justiça e dos Direitos Humanos da Bolívia, Gina Luz Mendez
Hurtado.
Já Juan José Alvarez, ministro
da Justiça, Segurança e Direitos
Humanos da Argentina, disse que
não iria comentar o tema ontem.
Barakat
O libanês naturalizado paraguaio Assad Ahmad Barakat, 36,
apontado pela CNN como terrorista, está preso na Polícia Federal,
em Brasília. Ele está à disposição
do STF (Supremo Tribunal Federal), que analisa pedido de extradição do governo paraguaio.
Anteontem, a CNN divulgou incorretamente notícia que Barakat
estava foragido.
Logo após o 11 de setembro, o
governo paraguaio acusou Barakat de arrecadar fundos para o
Hizbollah, grupo guerrilheiro
considerado terrorista pelos EUA.
Barakat, que vive em Foz do
Iguaçu desde 1987, é casado com
uma brasileira e tem três filhos.
Ele nega as acusações, mas admite
que é ligado ao Hizbollah, que, segundo ele, é um partido político.
Preso em Foz em 21 de junho,
Barakat está em Brasília aguardando decisão do STF sobre pedido de habeas corpus. Ele sofre
processo de extradição, a pedido
do governo paraguaio.
Sua mulher, Marlene, disse ontem que Barakat ficou sabendo de
sua "fuga" pelos agentes da PF na
Delegacia de Custódia em Brasília. "É mais um absurdo nesse teatro de mentiras que inventaram
contra meu marido", afirmou.
Em 3 de outubro do ano passado, Barakat teve sua loja, em Ciudad del Este, lacrada pela Polícia
Nacional do Paraguai.
Três funcionários de Barakat -
Mazen Ali Saleh, Sobhi Mahamoud Fayad e Saleh Mahamoud
Fayad- foram presos acusados
de terrorismo. Foram soltos sem
provas, mas estão proibidos de
deixar o Paraguai.
O governo paraguaio acusa Sobhi Mahamoud Fayad de enviar,
ilegalmente, US$ 25 mil a Nova
York em maio de 1999. A embaixada americana em Assunção
aponta Fayad como o elo entre o
Hizbollah e Barakat -que disse
que o dinheiro foi para pagamento de mercadorias da loja em que
ele e Fayad eram sócios.
Colaborou José Maschio, da Agência Folha, em Brasília
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