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São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2003

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Poucos, brasileiros fazem trabalho importante

DO ENVIADO ESPECIAL A TIMOR LESTE

Existem pouco mais de 200 brasileiros em Timor Leste, incluindo os soldados da força de paz e uns poucos policiais militares. Mas, apesar de poucos, os brasileiros, tanto civis como militares, exercem funções vitais no novo país.
Há um pelotão de Polícia do Exército, com 50 homens e 12 observadores militares (oito do Exército e quatro da Marinha). São poucos, se comparados com os batalhões que outros países como Portugal, Coréia do Sul, Japão e Austrália enviaram ou ainda mantêm ali (um batalhão tem entre 500 e 800 homens).
Mas os soldados brasileiros compensam a inferioridade numérica com funções importantes, como a proteção de autoridades locais -como foi o caso do carismático ex-guerrilheiro e presidente do país, Kay Rala Xanana Gusmão. O primeiro pelotão chegou em 1999. A rotação é feita a cada seis meses. O último e décimo pelotão, vindo de Recife, chegou em outubro e deve ficar um pouco mais, até o fim da missão da ONU, em maio de 2004.
Dos cerca de 150 civis, metade é composta por missionários católicos e protestantes. A outra metade inclui um pouco de tudo: treinador de futebol, mecânico, médico, advogado, fotógrafo profissional, agrônomo. Há também pessoal de ONGs e do Ministério da Educação, que auxiliam o ministério local.
Educação e saúde são as prioridades do Plano Nacional de Desenvolvimento, criado conjuntamente pela administração da ONU e por políticos timorenses.
Foi preciso primeiro reconstruir as salas de aula destruídas pelo vandalismo das milícias pró-Indonésia. Quatro em cada cinco escolas foram demolidas.
Uma dessas escolas foi adotada pelo pelotão brasileiro em Dili, que reconstruiu suas salas e carteiras e procurou dar o apoio que a diretora pedia. A escola primária número 4 do bairro de Bemori acabou sendo rebatizada de Duque de Caxias, e um busto de bronze do patrono do Exército Brasileiro está agora na entrada.
A diretora, Elisa Martins Ximenes, preparou no final de outubro uma homenagem aos oficiais e soldados brasileiros do 1º Pelotão de Polícia do Exército, do Rio de Janeiro, que voltaria ao Brasil.
O primeiro-tenente Márcio Renato Alves Barbosa, oficial de logística do pelotão, era quem lidava mais diretamente com a escola. "Eu não tenho filhos, mas de repente passei a ter mais de 600", disse o militar, chorando, depois de ter recebido um presente e uma poesia declamada em português por uma garotinha.
O brasileiro mais conhecido a trabalhar em Timor foi Sérgio Vieira de Mello, morto em atentado no Iraque em agosto. Como representante especial da ONU, ele administrou o país após os conflitos de 1999. Mais importante do que as obras de infra-estrutura foi a "obra política de criação de um Estado", diz o embaixador brasileiro em Timor Leste, Kywal de Oliveira. "Esse foi o grande trabalho do Sérgio." (RBN)

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