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SAIBA MAIS
Lei francesa de 55 regula estado de emergência
JEAN-BAPTISTE DE MONTVALON
DO "LE MONDE"
Instaurado pela lei de 3 de
abril de 1955, "o estado de
emergência pode ser declarado
em todo o território da França
ou de seus Departamentos de
Ultramar -ou em parte deles-, ou em casos de perigo
iminente resultante de graves
atentados contra a ordem pública, ou em casos de acontecimentos que, por sua natureza e
sua gravidade, apresentem caráter de calamidade pública".
O estado de emergência confere aos prefeitos (governadores de Departamentos ou de regiões) o poder de proibir a circulação de pessoas ou veículos
nos lugares e horários determinados pela medida, de instituir
"zonas de proteção ou de segurança onde a permanência de
pessoas é regulamentada" e de
proibir a permanência de qualquer pessoa que crie "qualquer
espécie de entrave à ação do
poder público". O ministro do
Interior pode decretar a prisão
domiciliar de qualquer pessoa
"cuja atividade seja considerada perigosa para a segurança e
a ordem pública".
O ministro do Interior ou os
prefeitos em questão podem
igualmente "ordenar o fechamento provisório de salas de
espetáculos, locais de reunião e
lojas ou estabelecimentos que
vendem bebidas", além de
"reuniões de natureza a provocar ou manter a desordem". O
decreto do estado de emergência permite aos prefeitos e ao
ministro do Interior ordenar
revistas em residências "durante o dia ou à noite" e tomar
"qualquer medida para garantir o controle da imprensa".
Outro decreto que acompanha
o principal pode autorizar a autoridade militar "a prender os
responsáveis por crimes".
Aplicado na Argélia após a
promulgação da lei, o estado de
emergência foi prorrogado por
outros seis meses pela lei de 7
de agosto de 1955. Ele foi aplicado na França após o retorno
ao poder do general Charles de
Gaulle (1958-69), em 13 de
maio de 1958, para fazer frente
a uma eventual tentativa de
golpe, e em 1961, após o chamado "putsch dos generais".
O governo de Laurent Fabius
(1984-86) decretou estado de
emergência na Nova Caledônia
em dezembro de 1984. Uma lei
conferiu ao Alto Comissariado
da República desse Território
de Ultramar, até 30 de junho de
1985, os poderes dos quais dispõem os prefeitos na França.
O Conselho Constitucional
fora alvo de medidas excepcionais impetradas por vários parlamentares de direita, em cuja
primeira fileira figurava Jacques Chirac, então presidente
da Reunião pela República.
Os autores das medidas excepcionais afirmavam que o legislador não poderia colocar as
liberdades constitucionais em
risco exceto nos casos previstos
pela Constituição, que não faz
menção ao estado de emergência. O Conselho Constitucional
indeferiu as medidas, destacando que a Constituição de
1958 não teve o efeito de revogar a lei de 1955.
Tradução de Clara Allain
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