São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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Israel mata 8 crianças em Gaza, e Hamas cobra revide

Grupo islâmico anuncia fim do cessar-fogo e conclama homens-bomba a agirem contra israelenses

Ataque no norte de Gaza fez, ao todo, 18 vítimas civis e foi condenado por ONU e União Européia; Exército de Israel abrirá investigação

DA REDAÇÃO

No mais violento ataque contra civis em quatro anos, a artilharia israelense matou ontem 18 palestinos, entre eles 8 crianças e 5 mulheres, e feriu mais 58 pessoas na cidade de Beit Hanoun, na faixa de Gaza. Em outras ações em Gaza e na Cisjordânia, outros oito palestinos morreram, entre militantes radicais e civis.
O ataque levou o grupo islâmico Hamas, que controla o governo palestino desde o início do ano, a declarar o fim do cessar-fogo com Israel, iniciado em agosto de 2004, e conclamar seus seguidores a reativar atentados contra israelenses e contra alvos norte-americanos.
O porta-voz do governo do Hamas, Ghazi Hamad, pediu que Israel "seja riscado da face da terra". O grupo foi responsável, antes da trégua, por dezenas de atentados contra civis israelenses.
O chamado foi ecoado pelos principais grupos islâmicos, entre eles o Jihad Islâmica. O presidente palestino Mahmoud Abbas, do secular Fatah, disse que a ação foi "um horrível e feio massacre".
As bombas israelenses atingiram uma área residencial em Beit Hanoun, enquanto os moradores ainda dormiam. Treze das vítimas eram da família al Athamna. "As bombas mataram minha mãe e minha irmã e feriram todos os meus parentes", disse Asma al Athamna, 14, também ferida.
O bombardeio foi condenado por países europeus e da América, incluindo o Brasil, pela União Européia, pela ONU (Organização das Nações Unidas) e por países do Oriente Médio, incluindo a Turquia, aliada tradicional de Israel. A Organização da Conferência Islâmica, mais importante organização de países muçulmanos, acusou Israel de "crime de guerra".
O ministro da Defesa israelense, Amir Peretz, lamentou as mortes e pediu ao Exército que abra uma investigação sobre o episódio. A Casa Branca disse "lamentar" a tragédia, citou a investigação israelense, e pediu aos dois lados do conflito que "se contenham".

Ação contra foguetes
Beit Hanoun, norte de Gaza, foi foco da ofensiva israelense iniciada há oito dias e que já deixou mais de 80 mortos. As tropas de Israel haviam se retirado da cidade 24 horas antes.
O objetivo da operação, segundo o governo de Israel, é conter o lançamento de foguetes palestinos em direção ao território -mas os projéteis continuaram atingindo Israel nos últimos dias.
Segundo um porta-voz do Exército israelense, os disparos que atingiram civis estavam dirigidos a um setor de Beit Hanoun de onde partiram os últimos foguetes.
Na semana passada, tropas dispararam contra um grupo de mulheres palestinas da cidade, que tentavam proteger radicais islâmicos: ao menos duas mulheres foram mortas e cerca de dez ficaram feridas.
Apesar da tragédia de ontem, a ação de Israel na área vai continuar, disse uma fonte israelense à agência France Presse.
Israel havia retirado suas colônias e bases de Gaza no início de 2005, mas voltou a enviar militares ao território palestino após o seqüestro de um soldado israelense, em junho.
A escalada da violência é mais um capítulo da contínua deterioração nas relações entre israelenses e palestinos desde que o grupo Hamas venceu as eleições parlamentares de janeiro e assumiu o governo da Autoridade Nacional Palestina.

Negociações suspensas
Por conta dos ataques, o primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, do Hamas, anunciou ontem a suspensão, "por alguns dias", das negociações para a montagem de um governo unificado com o Fatah.
Há meses as conversas em torno de um governo que reconheça o Estado de Israel -cuja destruição é pregada pelo Hamas- estavam emperradas. A formação de um governo unificado visa pôr fim às sanções impostas por EUA e União Européia após a vitória do Hamas.


Com agências internacionais

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