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Israel mata 8 crianças em Gaza, e Hamas cobra revide
Grupo islâmico anuncia fim do cessar-fogo e conclama homens-bomba a agirem contra israelenses
Ataque no norte de Gaza fez, ao todo, 18 vítimas civis e foi condenado por ONU e União Européia; Exército de Israel abrirá investigação
DA REDAÇÃO
No mais violento ataque contra civis em quatro anos, a artilharia israelense matou ontem
18 palestinos, entre eles 8
crianças e 5 mulheres, e feriu
mais 58 pessoas na cidade de
Beit Hanoun, na faixa de Gaza.
Em outras ações em Gaza e na
Cisjordânia, outros oito palestinos morreram, entre militantes radicais e civis.
O ataque levou o grupo islâmico Hamas, que controla o governo palestino desde o início
do ano, a declarar o fim do cessar-fogo com Israel, iniciado
em agosto de 2004, e conclamar seus seguidores a reativar
atentados contra israelenses e
contra alvos norte-americanos.
O porta-voz do governo do
Hamas, Ghazi Hamad, pediu
que Israel "seja riscado da face
da terra". O grupo foi responsável, antes da trégua, por dezenas de atentados contra civis israelenses.
O chamado foi ecoado pelos
principais grupos islâmicos,
entre eles o Jihad Islâmica. O
presidente palestino Mahmoud Abbas, do secular Fatah,
disse que a ação foi "um horrível e feio massacre".
As bombas israelenses atingiram uma área residencial em
Beit Hanoun, enquanto os moradores ainda dormiam. Treze
das vítimas eram da família al
Athamna. "As bombas mataram minha mãe e minha irmã e
feriram todos os meus parentes", disse Asma al Athamna,
14, também ferida.
O bombardeio foi condenado
por países europeus e da América, incluindo o Brasil, pela
União Européia, pela ONU (Organização das Nações Unidas) e
por países do Oriente Médio,
incluindo a Turquia, aliada tradicional de Israel. A Organização da Conferência Islâmica,
mais importante organização
de países muçulmanos, acusou
Israel de "crime de guerra".
O ministro da Defesa israelense, Amir Peretz, lamentou
as mortes e pediu ao Exército
que abra uma investigação sobre o episódio. A Casa Branca
disse "lamentar" a tragédia, citou a investigação israelense, e
pediu aos dois lados do conflito
que "se contenham".
Ação contra foguetes
Beit Hanoun, norte de Gaza,
foi foco da ofensiva israelense
iniciada há oito dias e que já
deixou mais de 80 mortos. As
tropas de Israel haviam se retirado da cidade 24 horas antes.
O objetivo da operação, segundo o governo de Israel, é
conter o lançamento de foguetes palestinos em direção ao
território -mas os projéteis
continuaram atingindo Israel
nos últimos dias.
Segundo um porta-voz do
Exército israelense, os disparos
que atingiram civis estavam dirigidos a um setor de Beit Hanoun de onde partiram os últimos foguetes.
Na semana passada, tropas
dispararam contra um grupo
de mulheres palestinas da cidade, que tentavam proteger radicais islâmicos: ao menos duas
mulheres foram mortas e cerca
de dez ficaram feridas.
Apesar da tragédia de ontem,
a ação de Israel na área vai continuar, disse uma fonte israelense à agência France Presse.
Israel havia retirado suas colônias e bases de Gaza no início
de 2005, mas voltou a enviar
militares ao território palestino após o seqüestro de um soldado israelense, em junho.
A escalada da violência é
mais um capítulo da contínua
deterioração nas relações entre
israelenses e palestinos desde
que o grupo Hamas venceu as
eleições parlamentares de janeiro e assumiu o governo da
Autoridade Nacional Palestina.
Negociações suspensas
Por conta dos ataques, o primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, do Hamas,
anunciou ontem a suspensão,
"por alguns dias", das negociações para a montagem de um
governo unificado com o Fatah.
Há meses as conversas em
torno de um governo que reconheça o Estado de Israel -cuja
destruição é pregada pelo Hamas- estavam emperradas. A
formação de um governo unificado visa pôr fim às sanções impostas por EUA e União Européia após a vitória do Hamas.
Com agências internacionais
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