São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ONU critica "ciclo de violência" na Nigéria

Dois dias após morte de até 500 pessoas em massacre em Jos, novos incidentes e pânico são registrados

DA REDAÇÃO

Dois dias após conflito sectário que deixou até 500 mortos na região central da Nigéria, novos incidentes e pânico foram registrados na cidade de Jos. ONU, EUA, grupos de direitos humanos e a oposição cobraram do governo que encerre o ciclo que fomenta a violência.
Segundo relatos, disparos de armas automáticas e gritos podiam ser ouvidos na noite de ontem na cidade, fortemente militarizada desde o fim de semana e sob toque de recolher imposto durante a noite. Os tiros, por cerca de três minutos, motivaram correria pelas ruas, e mais de cem pessoas buscaram abrigo em um hotel onde estavam jornalistas e militares.
Na madrugada de domingo, centenas de pessoas morreram após a eclosão de novos conflitos entre grupos étnicos muçulmanos e cristãos em vilarejos próximos à cidade. Em janeiro, disputa na mesma região -com histórico de conflitos- já deixara mais de 300 mortos.
A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, exortou ontem o governo a enfrentar os problemas que estão na raiz dos conflitos. "O importante é haver um esforço concertado para combater (...) sobretudo a discriminação, a pobreza e as disputas por terra."
Os EUA e grupos de direitos humanos instaram a Nigéria a combater a impunidade dos envolvidos nas mortes. Os ataques foram aparentemente uma retaliação às mortes ocorridas em janeiro, e muitos dos envolvidos nos dois episódios possuem um histórico de participação em disputas na região.
O presidente, Goodluck Jonathan, destituiu seu assessor de Segurança Nacional ontem e ordenou "profunda investigação". A polícia afirmou ter prendido mais de 90 pessoas.
Desde 2001, a região central da Nigéria vivencia a eclosão periódica de confrontos entre grupos muçulmanos, maioria no norte, e cristãos, majoritários no sul, com um número de mortos sempre na casa das centenas -e com um saldo de 13 mil mortes na última década.
Especialistas e autoridades, no entanto, descartam motivação religiosa para a eclosão de violência, atribuindo-a à disputa pelas terras férteis na Nigéria central entre os grupos étnicos de tradição nômade -muçulmanos- e locais -cristãos.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Presidente é cúmplice da tirania, afirma grevista
Próximo Texto: Segurança no Iraque ainda depende dos EUA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.