São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2004

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CÚPULA DOS RICOS

G8 lança iniciativa que visa promover reformas econômicas e políticas no Oriente Médio e em regiões adjacentes

Bush quer Otan no Iraque, Chirac discorda

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, propôs ontem, durante o encontro do G8 (grupo que reúne os sete países mais industrializados do planeta e a Rússia) que ocorre em Sea Island, nos EUA, que a Otan tenha um papel na reconstrução do Iraque.
Mas o principal opositor à guerra, o presidente francês, Jacques Chirac, disse que a aliança militar ocidental não tem nenhum papel a desempenhar no Iraque.
Fortalecido pela aprovação anteontem de uma nova resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre o Iraque, Bush e seu principal aliado na guerra, o premiê britânico, Tony Blair, debateram, durante o café da manhã, a possibilidade de soldados da Otan participarem do treinamento de forças de segurança iraquianas.
"Acreditamos que a Otan deva estar envolvida nos esforços no Iraque. Obviamente, haverá limitações. Muitos países da Otan não estão em condições de enviar soldados", afirmou Bush.
Mas Chirac disse não acreditar que uma intervenção no Iraque seja uma "missão" para a Otan. "Também não creio que isso venha a ser relevante para o país ou compreendido corretamente pelos iraquianos", afirmou Chirac, acrescentando que estará disposto a discutir o tema se o novo governo iraquiano vier a pedir uma intervenção da aliança militar.
O presidente francês e o chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, que também se opôs à invasão do Iraque no ano passado, disseram, porém, que o ambiente na cúpula é muito bom. "Houve uma mudança considerável na política externa americana", afirmou Schröder.
Funcionários graduados do governo dos EUA disseram que a reunião entre Schröder e Bush, ocorrida anteontem, foi a mais amistosa em mais de um ano.

Oriente Médio
Bush busca o apoio dos outros líderes do G8 a uma iniciativa que visa promover reformas econômicas e políticas no Oriente Médio e em regiões adjacentes. Ele chamou os líderes do Afeganistão, do Bahrein, da Jordânia, da Tunísia, da Turquia e do Iêmen para participar do encontro. Os líderes do Egito e da Arábia Saudita não aceitaram o convite.
No lançamento da iniciativa, os membros do G8 ressaltaram a necessidade de resolver o conflito árabe-israelense. Em texto oficial, eles disseram que "a resolução de disputas longas e amargas, especialmente do conflito israelo-palestino, é importante para o progresso na região". A menção a esse conflito foi uma exigência de países árabes.
Porém, segundo o comunicado oficial, "conflitos regionais não podem ser um obstáculo para as reformas". "Na verdade, as reformas podem representar uma importante contribuição para sua resolução", disse o texto.
Mas Chirac afirmou que a democracia não pode ser imposta e que a resolução dos conflitos no Oriente Médio tem de ser prioritária. Segundo ele, o Oriente Médio não precisa de "missionários da democracia". "Há o risco de alimentar o extremismo e de cair na armadilha fatal do choque de civilizações. Isso é exatamente o que queremos evitar", disse.
O G8 concordou em que representantes dos EUA, da União Européia, da Rússia e da ONU busquem dar alento às negociações entre Israel e palestinos. O grupo aprovou também um plano para combater a disseminação de armas de destruição em massa.


Com agências internacionais


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