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Extrema direita
britânica pode
surpreender
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES
O crescimento da extrema
direita deverá ser o destaque
das eleições de hoje para o Parlamento Europeu e as assembléias locais no Reino Unido,
enquanto o premiê Tony Blair,
no primeiro teste eleitoral pós-Guerra do Iraque, pode sair
ainda mais debilitado. A votação é vista como um ensaio para 2005, quando Blair deve disputar novo mandato.
Pesquisas colocam o UKIP
(Partido da Independência do
Reino Unido), que quer a saída
do país da União Européia,
com até 15% das intenções de
voto, que seriam suficientes para a sigla, com três eurodeputados, pelo menos dobrar sua
participação.
Já o BNP (Partido Nacional
Britânico), considerado ainda
mais "perigoso" por acrescentar um componente racista e
xenofóbico ao euroceticismo,
pode cravar 5% e ganhar seu
primeiro eurodeputado. Nas
eleições locais, o BNP pode eleger perto de 50 vereadores,
quatro vezes sua bancada atual.
A preocupação dos partidos
tradicionais (Trabalhista, Conservador e Liberal-Democrata)
é tanta que, no mês passado, representantes reuniram-se para
traçar uma estratégia única
"antiextremismo".
"Isso é irônico, porque Blair e
os conservadores são os principais culpados pela subida da
extrema direita, ao passarem
anos apresentando a Europa
em cores bastante negativas",
disse Paul Kelly, da London
School of Economics.
Blair, que concordou em promover um plebiscito a respeito
da Constituição européia em
2005, diz que "não se deve temer" a integração, mas não
exalta as virtudes da UE.
O BNP, por exemplo, usa a
hostilidade à integração para
defender uma política "pró-maioria branca". "A imigração
excessiva, principalmente da
Europa do leste, está mudando
nosso país. Vivemos por imposição em uma sociedade multicultural que cada vez mais causa fraturas", afirmou o presidente do partido, Nick Griffin,
que defende a expulsão de imigrantes ilegais e o policiamento
mais intenso em bairros muçulmanos.
Steve Pittain, presidente de
uma ONG que pesquisa a xenofobia, diz que o voto extremista é reforçado porque seus
eleitores são mais "fiéis" do que
a média. "Eles são os que mais
acreditam que seus partidos
possam realmente fazer uma
diferença."
Enquanto os extremistas
crescem, os trabalhistas de
Blair devem receber menos de
30% dos votos, patamar historicamente baixo. Podem até ficar atrás dos conservadores,
enquanto o Partido Liberal-Democrata, que se opôs à guerra, deve lucrar. Isso deve aumentar as pressões internas para que o primeiro-ministro renuncie.
"Blair nos prejudica. Se o partido trocar de líder, corrigir a
política para o Iraque e mostrar
um pouco de humildade, temos uma chance de ter um
bom desempenho eleitoral no
ano que vem", afirmou Clare
Short, ex-ministra que rompeu
com Blair por causa da invasão
do Iraque.
(FZ)
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