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Presidente se impõe pelo estilo hiperativo
DA REPORTAGEM LOCAL
O curioso das eleições de hoje é que Nicolas Sarkozy será
premiado nas urnas por uma
Presidência que, a rigor, ainda
não começou. Suas promessas
eleitorais ainda dependem do
envio de projetos à Assembléia
Nacional, o que será feito somente a partir da segunda
quinzena de junho e durante
um período de sessões extraordinárias, que ele e seu primeiro-ministro, François Fillon,
querem prolongar até agosto.
Por enquanto há, na mídia
francesa, o chamado "estilo
Sarkozy", uma espécie de pirotecnia competente, construída
por 18 discursos ou entrevistas
até a última quinta-feira.
Entre outras ações que despertaram atenção, o presidente
indicou um socialista, Bernard
Kouchner, para o Ministério
das Relações Exteriores e agradou aos ambientalistas ao propor amplas negociações que definiriam prioridades do Estado.
No front externo, esforça-se
para libertar a franco-colombiana Ingrid Betancourt, seqüestrada pela guerrilha colombiana em 2002. E ainda
acertou com a chanceler alemã
Angela Merkel uma forma de,
por um tratado "minimalista",
desemperrar a União Européia.
Tudo isso não é muito. Mas já
dá a impressão de que algo diligente ocorre no palácio presidencial do Elysée, em contraste
com o imobilismo do final da
gestão Chirac. É, no fundo, o
que os franceses queriam.
Mais trabalho
O voto na França é distrital.
Não há, propriamente, uma
única eleição legislativa. São
577 eleições simultâneas, uma
em cada distrito. Entram em
jogo personalidades e propostas regionais. Mas há também
uma tendência geograficamente bem mais ampla que Sarkozy, apoiado pela mídia, está
sabendo utilizar.
O calendário dos projetos a
serem votados prevê já para outubro uma lei que, embora
mantendo as 35 horas semanais de trabalho, suprime o Imposto de Renda e parte das cotizações previdenciárias das horas extras trabalhadas.
O premiê Fillon disse de início que isso custaria ao Estado
2,5 bilhões ao ano. Refez as
contas e apresenta agora uma
previsão duas vezes maior.
O "Monde" fez um levantamento sobre os setores em que
a aplicação do princípio seria
possível. Caberia com perfeição
na construção civil, hotelaria
ou agroindústria. Mas não é o
caso das montadoras de automóveis ou dos correios.
O que importa, no entanto, é
a percepção de que Sarkozy
cumprirá o compromisso de
permitir maior ganho para
quem quiser trabalhar mais.
A popularidade dessa fórmula provocou, como contrapartida, uma sensação difusa entre
os próprios franceses de que
eles trabalham pouco -o que,
em termos europeus, não é verdade.
Também de imediato o governo enviará projeto que prevê um serviço mínimo nas greves dos serviços públicos, o que
atingirá em cheio ferroviários e
metroviários.
As duas categorias ainda estão na mira de um segundo projeto, de reforma dos regimes especiais de aposentadoria. Por
ser mais controvertido, o texto
ficará para 2008.
(JBN)
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