São Paulo, domingo, 10 de junho de 2007

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Presidente se impõe pelo estilo hiperativo

DA REPORTAGEM LOCAL

O curioso das eleições de hoje é que Nicolas Sarkozy será premiado nas urnas por uma Presidência que, a rigor, ainda não começou. Suas promessas eleitorais ainda dependem do envio de projetos à Assembléia Nacional, o que será feito somente a partir da segunda quinzena de junho e durante um período de sessões extraordinárias, que ele e seu primeiro-ministro, François Fillon, querem prolongar até agosto.
Por enquanto há, na mídia francesa, o chamado "estilo Sarkozy", uma espécie de pirotecnia competente, construída por 18 discursos ou entrevistas até a última quinta-feira.
Entre outras ações que despertaram atenção, o presidente indicou um socialista, Bernard Kouchner, para o Ministério das Relações Exteriores e agradou aos ambientalistas ao propor amplas negociações que definiriam prioridades do Estado.
No front externo, esforça-se para libertar a franco-colombiana Ingrid Betancourt, seqüestrada pela guerrilha colombiana em 2002. E ainda acertou com a chanceler alemã Angela Merkel uma forma de, por um tratado "minimalista", desemperrar a União Européia.
Tudo isso não é muito. Mas já dá a impressão de que algo diligente ocorre no palácio presidencial do Elysée, em contraste com o imobilismo do final da gestão Chirac. É, no fundo, o que os franceses queriam.

Mais trabalho
O voto na França é distrital. Não há, propriamente, uma única eleição legislativa. São 577 eleições simultâneas, uma em cada distrito. Entram em jogo personalidades e propostas regionais. Mas há também uma tendência geograficamente bem mais ampla que Sarkozy, apoiado pela mídia, está sabendo utilizar.
O calendário dos projetos a serem votados prevê já para outubro uma lei que, embora mantendo as 35 horas semanais de trabalho, suprime o Imposto de Renda e parte das cotizações previdenciárias das horas extras trabalhadas.
O premiê Fillon disse de início que isso custaria ao Estado 2,5 bilhões ao ano. Refez as contas e apresenta agora uma previsão duas vezes maior.
O "Monde" fez um levantamento sobre os setores em que a aplicação do princípio seria possível. Caberia com perfeição na construção civil, hotelaria ou agroindústria. Mas não é o caso das montadoras de automóveis ou dos correios.
O que importa, no entanto, é a percepção de que Sarkozy cumprirá o compromisso de permitir maior ganho para quem quiser trabalhar mais.
A popularidade dessa fórmula provocou, como contrapartida, uma sensação difusa entre os próprios franceses de que eles trabalham pouco -o que, em termos europeus, não é verdade.
Também de imediato o governo enviará projeto que prevê um serviço mínimo nas greves dos serviços públicos, o que atingirá em cheio ferroviários e metroviários.
As duas categorias ainda estão na mira de um segundo projeto, de reforma dos regimes especiais de aposentadoria. Por ser mais controvertido, o texto ficará para 2008. (JBN)


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