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Guantánamo tem 1º preso julgado nos EUA
Processo em Nova York contra Ahmed Ghailani testa uma das opções de Obama para cumprir promessa de fechar prisão
Tanzaniano, acusado de
participação em atentados
contra embaixadas em 98,
ficará detido no continente
enquanto aguarda sentença
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Em um caso vital para o plano do presidente dos EUA, Barack Obama, de fechar a prisão
de Guantánamo (Cuba), foi levado ontem a Nova York o primeiro suspeito de terrorismo
da ilha a ser julgado em um tribunal civil dentro do território
norte-americano.
O detido, Ahmed Khalfan
Ghailani, recebeu 228 acusações por participar na conspiração que resultou em ataques
nas embaixadas americanas no
Quênia e na Tanzânia em 1998,
que foram organizadas pela rede Al Qaeda e deixaram 224
mortos. Ghailani se disse inocente no Tribunal Federal Distrital de Manhattan ontem.
Obama anunciara no mês
passado que o suspeito seria
transferido para um tribunal
civil, como parte dos esforços
do governo para dar um destino
aos presos e fechar a prisão até
janeiro de 2010. O presidente
considera Guantánamo um
símbolo dos erros cometidos
pelos EUA na "guerra ao terror" de seu antecessor, George
W. Bush, e diz que mantê-la
aberta prejudica a habilidade
do país de conquistar aliados.
Ele pretende que sejam julgados em tribunais federais nos
EUA vários dos atuais 240 presos de Guantánamo. Outras opções são julgamentos em comissões militares; transferência para outros países; libertação sem julgamento; e detenção por tempo indeterminado
sem julgamento.
Mas a decisão de acabar com
a prisão enfrenta forte oposição
interna. Um dos pontos-chave
é justamente onde deter os suspeitos de terrorismo considerados de maior periculosidade.
Membros do Partido Republicano acusam Obama de querer
"importar terroristas".
Questionado insistentemente por jornalistas ontem, o porta-voz da Casa Branca, Robert
Gibbs, se recusou a responder
se os suspeitos serão libertados
se o veredicto for "inocente".
"Não vou entrar em jogos hipotéticos. Achamos que o distrito
de Nova York tem um histórico
muito bom quanto a julgar e
condenar suspeitos de terrorismo", afirmou.
O Departamento da Justiça
disse ontem que Ghailani será
detido no Centro Correcional
Metropolitano, prisão federal
que já abrigou suspeitos de terrorismo, até o julgamento.
Acusações
Sobre Ghailani, Obama afirmou que, "depois de uma década, é hora de finalmente ver a
justiça ser feita, e é isso que
pretendemos fazer".
Segundo a acusação, ele ajudou a Al Qaeda a obter explosivos e um caminhão para a explosão da embaixada na Tanzânia, além de outras questões logísticas. Se condenado, ele poderá enfrentar a pena de morte.
Ghailani é originário da Tanzânia e tem cerca de 35 anos
-sua idade exata não foi determinada. Capturado em 2004,
foi mantido em prisões secretas da CIA até 2006, quando foi
transferido para Guantánamo.
Inicialmente, ele também
enfrentou acusações militares
sobre seu suposto envolvimento com outras atividades da Al
Qaeda. O Exército dos EUA diz
que ele recebeu treinamento
em campos da rede terrorista
no Afeganistão, foi guarda-costas e cozinheiro de Osama bin
Laden e falsificou documentos
para membros da Al Qaeda.
As acusações militares, porém, foram retiradas em maio,
em meio à controvérsia sobre o
uso de comissões de exceção.
Ainda não se sabe quem cuidará da defesa de Ghailani no
julgamento. Um advogado de
Nova York solicitou o posto,
mas teve o direito questionado
por promotores.
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