São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2006

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Impasse entre EUA e França bloqueia ONU

DA REDAÇÃO

Emperraram ontem as negociações na ONU em busca de uma resolução do Conselho de Segurança que interrompa de imediato os combates no sul do Líbano.
O impasse nasceu de novas -e mais agudas- divergências entre os EUA, que levam em conta os interesses de Israel, e a França, que insiste em incorporar as reivindicações de Beirute sobre a retirada das tropas israelenses do solo libanês.
O subsecretário de Estado americano, David Welch, entregou em Beirute ao premiê do Líbano, Fouad Siniora, mensagem do governo israelense dizendo não aceitar que, no quadro de uma solução, o sul do país seja ocupado por 15 mil soldados das forças regulares libanesas.
Anteontem, o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, qualificara essa hipótese de "interessante".
O subsecretário Welch também se avistou em Beirute com Nabih Berri, presidente do Parlamento libanês e influente líder xiita próximo ao Hizbollah. Berri reagiu com sarcasmo ao emissário americano. "Ele é um hábil embelezador de um horrível [projeto de] resolução", afirmou.
Com o impasse, a França decidiu pela primeira vez pressionar publicamente os Estados Unidos. O presidente Jacques Chirac declarou que a inexistência de uma resolução pelo cessar-fogo perpetuaria "uma situação imoral" e advertiu implicitamente o governo americano de que poderia apresentar um texto isoladamente.
O jornal "The Washington Post" diz que a França teme a implosão do governo do Líbano, caso nada seja feito para lhe dar alguma satisfação. Isso, dizem observadores, criaria um vazio de poder, com o inevitável crescimento do Hizbollah. Ou seja, um efeito oposto ao desejado por americanos e israelenses.
Além disso, afirma o jornal britânico "The Independent", a situação de virtual ruptura no Conselho de Segurança compromete a reputação das próprias Nações Unidas como foro internacional para a solução de conflitos. "Ninguém, dentro da ONU, era capaz de prever, ontem à noite, se americanos e franceses superariam suas divergências ou em quanto tempo isso acontecerá", diz.
Os embaixadores John Bolton (EUA) e Jean-Marc de La Sablière (França) passaram o dia reunidos a portas fechadas. Bolton disse que "nossos objetivos continuam semelhantes, já que não queremos o retorno à situação anterior", quando o Hizbollah usava bases no sul do Líbano para atacar Israel.
Em provável esforço para não se dissociar um pouco de Israel, os EUA ontem disseram ter recomendado a seus aliados "extremo cuidado" com a morte de civis. O comentário, de Sean McCormack, porta-voz do Departamento de Estado, referia-se à decisão do governo israelense de ampliar a invasão do território libanês.


Com agências internacionais

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