|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
perfil
Ministro forte é pivô de nova crise
DE BUENOS AIRES
Julio Miguel de Vido, 57,
é um dos homens mais poderosos do gabinete do
presidente Néstor Kirchner. Comanda desde 2003
o Ministério do Planejamento, que controla as
áreas de comunicações,
obras públicas, transportes, minas e energia.
O ministro acompanha
o presidente desde que
Kirchner era governador
de Santa Cruz e De Vido,
secretário de Economia.
A proximidade com
Kirchner fez De Vido superar o já grande poder
que lhe concede sua pasta.
O presidente lhe delegou,
por exemplo, a condução
da política externa com a
Venezuela, fundada principalmente nos acordos
energéticos. De Vido, por
sua vez, confiou a tarefa a
seu braço-direito, Claudio
Uberti, ontem demitido.
De Vido e Uberti são
acusados por Elisa Carrió,
candidata à Presidência da
oposição, de terem atuado
como tesoureiros de contribuições ilegais para a
campanha de Néstor
Kirchner a presidente, em
2003. O ministro diz que
as denúncias de Carrió são
"fantasiosas".
Não são, porém, as únicas suspeitas que pesam
sobre De Vido. Funcionário público de carreira, vive em um apartamento no
bairro chique de Palermo
cujo aluguel, de US$
3.000, custa mais do que
seu salário mensal; possui
também uma chácara avaliada em US$ 750 mil.
Seu ministério está no
centro das investigações
do caso Skanska, construtora sueca que reconheceu
ter pago "comissões indevidas" para ganhar a licitação de um gasoduto. Em
gravação, um dos diretores da construtora mencionou um "pingüim a 200
metros daqui" como um
dos destinatários do suborno. Essa é a distância
que separa a sede da
Skanska em Buenos Aires
do Ministério do Planejamento. E pingüim é o apelido dado aos funcionários
kirchneristas com origem
em Santa Cruz.
Apesar de sua proximidade com Kirchner, as
suspeitas e a crise energética que não conseguiu
evitar tornam improvável
que De Vido permaneça
no ministério num governo de Cristina Fernández
de Kirchner. O ministro
trava uma disputa interna
com o chefe-de-gabinete,
Alberto Fernández, principal articulador da candidatura de Cristina.
Texto Anterior: Escândalo da mala derruba funcionário de Kirchner Próximo Texto: PDVSA não explica e acusa oposição a Chávez Índice
|