São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

perfil

Ministro forte é pivô de nova crise

DE BUENOS AIRES

Julio Miguel de Vido, 57, é um dos homens mais poderosos do gabinete do presidente Néstor Kirchner. Comanda desde 2003 o Ministério do Planejamento, que controla as áreas de comunicações, obras públicas, transportes, minas e energia.
O ministro acompanha o presidente desde que Kirchner era governador de Santa Cruz e De Vido, secretário de Economia.
A proximidade com Kirchner fez De Vido superar o já grande poder que lhe concede sua pasta. O presidente lhe delegou, por exemplo, a condução da política externa com a Venezuela, fundada principalmente nos acordos energéticos. De Vido, por sua vez, confiou a tarefa a seu braço-direito, Claudio Uberti, ontem demitido.
De Vido e Uberti são acusados por Elisa Carrió, candidata à Presidência da oposição, de terem atuado como tesoureiros de contribuições ilegais para a campanha de Néstor Kirchner a presidente, em 2003. O ministro diz que as denúncias de Carrió são "fantasiosas".
Não são, porém, as únicas suspeitas que pesam sobre De Vido. Funcionário público de carreira, vive em um apartamento no bairro chique de Palermo cujo aluguel, de US$ 3.000, custa mais do que seu salário mensal; possui também uma chácara avaliada em US$ 750 mil.
Seu ministério está no centro das investigações do caso Skanska, construtora sueca que reconheceu ter pago "comissões indevidas" para ganhar a licitação de um gasoduto. Em gravação, um dos diretores da construtora mencionou um "pingüim a 200 metros daqui" como um dos destinatários do suborno. Essa é a distância que separa a sede da Skanska em Buenos Aires do Ministério do Planejamento. E pingüim é o apelido dado aos funcionários kirchneristas com origem em Santa Cruz.
Apesar de sua proximidade com Kirchner, as suspeitas e a crise energética que não conseguiu evitar tornam improvável que De Vido permaneça no ministério num governo de Cristina Fernández de Kirchner. O ministro trava uma disputa interna com o chefe-de-gabinete, Alberto Fernández, principal articulador da candidatura de Cristina.


Texto Anterior: Escândalo da mala derruba funcionário de Kirchner
Próximo Texto: PDVSA não explica e acusa oposição a Chávez
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.