São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

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PDVSA não explica e acusa oposição a Chávez

FABIANO MAISONNAVE
EM CORO (VENEZUELA)

Em vez de explicar por que altos funcionários da PDVSA teriam convidado um empresário carregando US$ 790,5 mil para viajar a Buenos Aires, porta-vozes do governo Hugo Chávez acusaram a "imprensa privada" de usar a apreensão para provocar uma nova "escalada desestabilizadora".
O vice-presidente Jorge Rodríguez disse que o escândalo é uma "cortina de fumaça". "Simplesmente, é uma estupidez. É uma imbecilidade que, como sempre, o que tenta é enlamear o que não pode ser enlameado (...) Cada vez que o presidente Chávez viaja, o que faz é afiançar ainda mais os laços entre os nossos povos."
Ontem, o governo argentino culpou os funcionários da PDVSA pelo escândalo da mala. Disse que os executivos presentes no vôo "abusaram da boa-fé dos funcionários argentinos".
No final do dia, a estatal venezuelana divulgou uma nota assinada pela Frente Socialista de Trabalhadores Petroleiros na qual, em vez de explicar o envolvimento de seus funcionários, disse que "setores recalcitrantes da oposição venezuelana embarcam numa nova escalada desestabilizadora contra o projeto bolivariano".
O procurador-geral da República, Isaías Rodríguez, que já foi vice-presidente de Chávez, disse que, por ora, não há motivo para abrir uma investigação e que esperaria as decisões da Justiça argentina.
A Venezuela tem uma rígida legislação de controle cambial, implantada pelo próprio Chávez. Segundo a lei, qualquer compra de dólares tem de ser autorizada e é obrigatório registrar a saída do país de valores superiores a US$ 10 mil.
O escândalo originado em Buenos Aires foi o principal assunto da imprensa venezuelana ontem. A TV oposicionista Globovisión chegou a exibir nos intervalos pequenos anúncios ironizando a apreensão.

Terceira parada: Equador
O caso da mala, aparentemente, não atrapalhou a seqüência da turnê de Chávez pela região. Após deixar o Uruguai, elogiadíssimo pelo presidente Tabaré Vázquez ("Que povo, que governo, que presidente pode ter mais generosidade?"), Chávez foi ao Equador, do aliado esquerdista Rafael Correa.
Correa e o venezuelano apareceram juntos ontem, braços dados ao alto, na sacada da sede do governo, em Quito. Enquanto a oposição acusava o governo de criar "dependência" em relação a Caracas, PDVSA e a estatal Petroecuador, no principal anúncio do dia, assinaram um acordo para a construção de uma refinaria avaliada em US$ 5 bilhões e capacidade de processar 300 mil barris/dia, "a maior da costa do Pacífico".
Um grupo técnico bilateral foi criado, e o governo equatoriano deixou claro que, além da PDVSA, "outras estatais da região" podem participar da refinaria. Chávez chegaria ontem à Bolívia, onde estaria também o argentino Néstor Kirchner.


Com agências internacionais


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