São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

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Rússia envia caça para zona americana

Aviões russos em exercício militar sobrevoam, de surpresa, base com 22 mil militares dos EUA em Guam, no Pacífico

General da Força Aérea russa diz que os dois lados "trocaram sorrisos" no ar; foi o primeiro vôo do tipo desde a Guerra Fria

Fred Chartrand/Associated Press
Harper, premiê canadense, contra-ataca com visita ao Ártico


DO "INDEPENDENT"

A Rússia acaba de abrir uma nova frente em sua demonstração internacional de força, enviando um caça estratégico ao coração do poderio militar americano no Pacífico pela primeira vez desde o final da Guerra Fria. O vôo de 5.150 quilômetros até Guam, onde mais de 22 mil militares americanos estão envolvidos em exercícios ao largo da ilha, foi realizado por dois caças russos Tu-95, anunciou ontem um general da Força Aérea russa. O general Pavel Androsov disse que, quando jatos americanos decolaram às pressas ao detectarem a chegada dos caças, os pilotos russos e americanos "trocaram sorrisos" no ar.
A incursão dos caças de grande autonomia de vôo fez parte dos jogos de guerra que estão sendo realizados no Extremo Oriente russo. Foi o terceiro incidente simbólico em uma semana na qual o poderio da Rússia vem ganhando destaque. Primeiro foi a bandeira russa plantada com alarde no leito do oceano Ártico em 2 de agosto, para reforçar as reivindicações territoriais russas.
Na terça-feira, a ex-república soviética da Geórgia, hoje pró-ocidental, acusou um caça russo de violar seu espaço aéreo e disparar um míssil em seu território, quase na fronteira com a região separatista de Ossétia do Sul. A Rússia negou ter enviado qualquer aeronave à região e acusou a Geórgia de disparar o míssil contra si própria. A discussão se acirrou ontem, quando o general Iuri Baluyevsky, chefe do Estado-Maior militar da Rússia, acusou a Geórgia de ter imaginado o incidente para fomentar tensões com a Rússia. "Estou convencido de que foi uma provocação por parte da Geórgia. Foi uma provocação contra a Rússia como um todo", declarou.
Enquanto analistas ocidentais procuram fazer pouco caso das especulações sobre uma nova Guerra Fria, o general Igor Khvorov, chefe do Estado-Maior da Força Aérea russa, dizia que o Ocidente será obrigado a aceitar o fato de a Rússia ressurgente estar afirmando sua presença geopolítica. "Não vejo nada de incomum nisso", disse, referindo-se ao vôo dos caças até Guam. No caso da bandeira fincada no leito submarino do Ártico, a reação do Canadá, que também reivindica soberania sobre a área, foi rápida.
O premiê canadense, Stephen Harper, deve encerrar hoje visita de três dias à região. Embora a viagem de Harper já estivesse planejada havia meses, ela ganhou conotação política por causa da iniciativa russa. Anteontem Harper declarou que seu governo defenderia "sua soberania no Ártico". Além disso, o premiê deve anunciar em breve planos para a construção de uma plataforma de exploração de águas profundas e uma base militar em seu território ártico.
Artur Chilingarov, o cientista russo que comandou a expedição -e que é também o vice-presidente do Parlamento-, contra-atacou, afirmando não ligar "a mínima para o que alguns estrangeiros pensam" do fato de a Rússia haver posto a bandeira no fundo do mar.


Tradução de CLARA ALLAIN Com agências internacionais


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