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Rússia envia caça para zona americana
Aviões russos em exercício militar sobrevoam, de surpresa, base com 22 mil militares dos EUA em Guam, no Pacífico
General da Força Aérea russa diz que os dois lados "trocaram sorrisos" no ar; foi o primeiro vôo do
tipo desde a Guerra Fria
Fred Chartrand/Associated Press
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Harper, premiê canadense, contra-ataca com visita ao Ártico |
DO "INDEPENDENT"
A Rússia acaba de abrir uma
nova frente em sua demonstração internacional de força, enviando um caça estratégico ao
coração do poderio militar
americano no Pacífico pela primeira vez desde o final da
Guerra Fria.
O vôo de 5.150 quilômetros
até Guam, onde mais de 22 mil
militares americanos estão envolvidos em exercícios ao largo
da ilha, foi realizado por dois
caças russos Tu-95, anunciou
ontem um general da Força Aérea russa. O general Pavel Androsov disse que, quando jatos
americanos decolaram às pressas ao detectarem a chegada
dos caças, os pilotos russos e
americanos "trocaram sorrisos" no ar.
A incursão dos caças de grande autonomia de vôo fez parte
dos jogos de guerra que estão
sendo realizados no Extremo
Oriente russo. Foi o terceiro incidente simbólico em uma semana na qual o poderio da Rússia vem ganhando destaque.
Primeiro foi a bandeira russa
plantada com alarde no leito do
oceano Ártico em 2 de agosto,
para reforçar as reivindicações
territoriais russas.
Na terça-feira, a ex-república
soviética da Geórgia, hoje pró-ocidental, acusou um caça russo de violar seu espaço aéreo e
disparar um míssil em seu território, quase na fronteira com
a região separatista de Ossétia
do Sul. A Rússia negou ter enviado qualquer aeronave à região e acusou a Geórgia de disparar o míssil contra si própria.
A discussão se acirrou ontem, quando o general Iuri Baluyevsky, chefe do Estado-Maior militar da Rússia, acusou
a Geórgia de ter imaginado o incidente para fomentar tensões
com a Rússia. "Estou convencido de que foi uma provocação
por parte da Geórgia. Foi uma
provocação contra a Rússia como um todo", declarou.
Enquanto analistas ocidentais procuram fazer pouco caso
das especulações sobre uma
nova Guerra Fria, o general
Igor Khvorov, chefe do Estado-Maior da Força Aérea russa, dizia que o Ocidente será obrigado a aceitar o fato de a Rússia
ressurgente estar afirmando
sua presença geopolítica.
"Não vejo nada de incomum
nisso", disse, referindo-se ao
vôo dos caças até Guam.
No caso da bandeira fincada
no leito submarino do Ártico, a
reação do Canadá, que também
reivindica soberania sobre a
área, foi rápida.
O premiê canadense, Stephen Harper, deve encerrar hoje visita de três dias à região.
Embora a viagem de Harper já
estivesse planejada havia meses, ela ganhou conotação política por causa da iniciativa russa. Anteontem Harper declarou que seu governo defenderia
"sua soberania no Ártico".
Além disso, o premiê deve
anunciar em breve planos para
a construção de uma plataforma de exploração de águas profundas e uma base militar em
seu território ártico.
Artur Chilingarov, o cientista
russo que comandou a expedição -e que é também o vice-presidente do Parlamento-,
contra-atacou, afirmando não
ligar "a mínima para o que alguns estrangeiros pensam" do
fato de a Rússia haver posto a
bandeira no fundo do mar.
Tradução de CLARA ALLAIN Com agências internacionais
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