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Matança gera medo de guerra étnica
PHIL REEVES
DO "THE INDEPENDENT", EM JERUSALÉM
Os conflitos no Oriente Médio
estão se transformando rapidamente em uma guerra sectária na
qual indivíduos judeus e palestinos bem armados começam a
matar um ao outro num ciclo de
matanças por vingança e ódio étnico. Esse novo cenário aumenta
o temor de uma prolongada e
sangrenta disputa toma-lá-dá-cá
entre árabes e judeus operando
fora do controle dos políticos ou
de seus serviços de segurança.
As evidências crescem a cada
novo dia do levante palestino, iniciado há quase 15 dias, e que já
deixou pouco menos de uma centena de mortos. Um palestino foi
encontrado morto ontem com
um tiro na cabeça perto da cidade
de Nablus, na Cisjordânia.
Outro palestino, de 25 anos, foi
encontrado morto num terreno,
após ter sido aparentemente torturado com choques elétricos,
queimado com um ferro quente e
atacado com um machado.
Anteontem, um rabino de origem norte-americana, Hillel Lieberman, morador de uma colônia
na Cisjordânia, também foi encontrado morto. A polícia israelense disse que ele foi espancado,
morto com cinco tiros e jogado
numa caverna, depois de ter sido
capturado por palestinos.
Sua morte gerou grande interesse nos EUA, principalmente por
causa de seu parentesco distante
com o candidato democrata à Vice-Presidência, Joseph Lieberman -que disse desconhecê-lo.
Ontem, milhares de palestinos
participaram de uma passeata por
Nazaré -cidade árabe dentro de
Israel- durante os funerais de
dois árabes israelenses mortos
por judeus na noite de domingo.
Essas mortes aumentam o risco
de uma explosão dentro da comunidade árabe israelense, que
representa cerca de um quinto da
população do país e reclama por
não ter os mesmos direitos que os
cidadãos judeus.
Segundo o grupo pacifista israelense Gush Shalom, os atos de
violência em Nazaré aconteceram
após cerca de mil judeus deixarem a cidade vizinha de Natzrat
Elite e avançarem sobre as áreas
árabes carregando armas, atirando e batendo em pessoas "indiscriminadamente". O grupo acusou a polícia de não intervir.
Durante o enterro, o prefeito de
Nazaré acusou o governo de Israel de ser responsável por um
"pogrom" contra os árabes israelenses, em referência aos ataques
às minorias judaicas na Rússia no
início do século.
Existe agora uma ameaça real
de que um ou outro lado possa
provocar um banho de sangue
por meio de assassinatos em massa -relembrando o caso de Baruch Goldstein, o fanático judeu
que matou 29 fiéis muçulmanos
num local sagrado de Hebron, em
1994, antes de ser linchado.
Um alto funcionário do governo palestino, Hassan Asfour, pediu ontem aos palestinos para tomar como alvos os colonos judeus que vivem nos territórios
ocupados por Israel, porque, segundo ele, estariam cometendo
"atos terroristas".
Existem até 200 mil colonos judeus vivendo na Cisjordânia e na
Faixa de Gaza, em desafio às resoluções da Organização das Nações Unidas, alguns deles treinados pelo Exército israelense para
operar armas de fogo.
Os palestinos também parecem
estar armados. Acredita-se que há
até 80 mil metralhadoras Kalashnikov nas mãos de palestinos nos
territórios ocupados.
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