São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Desempenho dos candidatos no 2º encontro foi equivalente, segundo pesquisa; analistas dizem que Bush foi melhor que no 1º evento

Bush e Kerry empatam no debate, diz Gallup

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A ST. LOUIS

Os ânimos exaltados e a intensa troca de acusações entre George W. Bush e John Kerry durante o debate da última sexta-feira na Universidade Washington, em St. Louis, podem ter impressionado os eleitores, mas aparentemente tiveram menos impacto sobre a corrida eleitoral do que o confronto anterior, na Flórida.
Pesquisa instantânea feita após o debate e divulgada ontem mostrou que os dois candidatos empataram em suas performances. Segundo o levantamento do Gallup para a CNN e o jornal "USA Today", 47% dos entrevistados disseram que Kerry venceu o confronto, e 45%, que Bush ganhou. A diferença está dentro da margem de erro de quatro pontos para mais ou para menos.
Pesquisa instantânea -menos precisa- feita pela TV ABC durante o debate também mostrou resultado apertado: 44% para Kerry e 41% para Bush.
Entre os analistas, as opiniões também se dividiram. No jornal "New York Times", Todd Purdum considerou o democrata ligeiramente melhor e chamou Bush de "estridente demais". Na TV FOX, a performance de Bush foi um pouco mais elogiada, enquanto o senador era criticado pelo excesso de promessas.
Mas, se houve um consenso na sala de imprensa montada na Universidade Washington, onde ficaram todos os jornalistas escalados para cobrir o debate, foi o de que o desempenho do presidente melhorou muito em relação à atuação em Miami. O público concorda. A Gallup mostrou que 53% acharam que Bush foi bem, contra 37% no debate anterior.
O primeiro confronto foi vencido pelo democrata, que desde então subiu nas intenções de voto e empatou, na maioria das pesquisas, com Bush. Mas com o segundo debate dividido, é uma incógnita se Kerry terá força para manter a trajetória e consolidar vantagem sobre o presidente. Com isso, aumentam as expectativas para o debate final, no próximo dia 13.
Ontem, os dois candidatos retomaram suas atividades de campanha, usando trechos do debate da véspera para criticar o adversário. Bush visitou Iowa e Minnesota, e Kerry viajou para Ohio e passaria pela Flórida, decisivos para o resultado da eleição de novembro.
"Ele disse com a cara limpa que só teve uma posição sobre o Iraque", disse Bush em um café da manhã com o secretário de Estado do Missouri. "Ele deve achar que nós estávamos em outro planeta", disse o presidente, cujo foco do ataque é chamar o senador de "vira-casaca". O democrata acusa o republicano de viver "desconectado da realidade".
Os dois bordões foram explorados por assessores republicanos e democratas, que passaram o debate todo distribuindo folhetos coloridos aos jornalistas. Os republicanos foram mais insistentes: foram 11 folhetos, a maioria com supostas mudanças de opinião do senador. A equipe de Kerry usou o recurso quatro vezes, para esclarecer acusações feitas por Bush.

Brasileira na platéia
Além dos 140 eleitores indecisos que preencheram a platéia especial do debate, encarregada das perguntas, uma platéia maior acompanhou o evento da arquibancada do ginásio, onde foi montada a arena dos candidatos.
No meio desse segundo público, a Folha localizou a brasileira Tatiana Pollo, que faz PhD em psicologia na universidade. "Foi uma loteria. No último momento, uns cem alunos souberam que entrariam", disse. Para ela, apesar das restrições impostas aos alunos, o esquema de segurança montado tinha brechas. "Eu só tive de mostrar minha carteirinha da universidade uma vez, e mais nada."
Tatiana, de inclinação democrata, também achou que houve empate. "Acho que o Bush aprendeu com o primeiro debate e conteve mais suas reações", disse. "Mas o Kerry tem mais presença de palco. O Bush parece desleixado."

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