São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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Atentado fere um após ação contra ETA

Segurança não corre risco; ataque em Bilbao ocorre depois de prisão de cúpula do braço político do grupo

DA REDAÇÃO

Um atentado a bomba feriu gravemente ontem na cidade de Bilbao, norte da Espanha, o segurança de um vereador do Partido Socialista Basco (PSE). O artefato explodiu no carro do segurança por volta das 13h30 (8h30 de Brasília), em uma ação atribuída pelo governo autônomo basco ao grupo terrorista e separatista ETA. De férias, o vereador Juan Carlos Domingo não estava no local.
O grupo não assumiu a autoria do ataque, mas houve relatos de ameaças após a detenção, na última quinta-feira, de 23 integrantes de seu braço político, o Batasuna -tornado ilegal em 2003. Destes, 17 pessoas, membros do alto escalão do partido, continuam presas.
Pernando Barrena, porta-voz do Batasuna, havia acusado anteontem o governo do premiê socialista José Luis Rodríguez Zapatero de "apostar na abertura de um novo ciclo de violência". As prisões foram recebidas pelo partido como uma "declaração de guerra".
"O ETA não impedirá que a sociedade basca siga seu caminho", afirmou ao jornal espanhol "El País" Juan José Ibarretxe, chefe do governo autônomo basco, após a explosão.

Alerta
O atentado de ontem ocorreu horas depois que o Ministério do Interior anunciou o endurecimento de medidas de segurança antes de sexta-feira, quando será celebrada a Festa Nacional espanhola.
O guarda-costas Gabriel Ginés, 36, sofreu queimaduras e está em estado grave, mas não corre risco de morte. Ginés é militante do partido de direita PP, o maior de oposição na Espanha. A informação foi confirmada pelo líder do PP, Mariano Rajoy, que tem em políticas antiterroristas e no rechaço a qualquer negociação com o ETA grandes bandeiras.
Para o ex-magistrado espanhol Esteban Sola, se o ataque for mesmo uma reação do ETA, este seria "um dos custos da democracia". "Não podemos deixar de combater o terrorismo por medo de reações", afirmou ele ontem à Folha em São Paulo, onde fez uma apresentação sobre delitos do terrorismo no seminário internacional do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM).
Sola alerta, porém, que é preciso "manter o diálogo" com os separatistas. "Se o ETA deixar de existir, é possível ao Batasuna voltar a buscar seus objetivos independentistas dentro da legalidade. É um absurdo o uso de violência na Espanha, onde há bastante abertura para a discussão política para a autonomia."
Segundo o "El País", desde que o ETA anunciou o fim de seu último cessar-fogo com o governo, em junho deste ano, o grupo perpetrou dois atentados, em agosto e setembro, sem causar mortes. Em 30 de dezembro de 2006, quando ainda vigorava seu cessar-fogo oficial, o ETA matou duas pessoas em um atentado no aeroporto de Barajas, em Madri, e levou o governo a encerrar as negociações com o grupo.
Opositores de Zapatero o acusam de endurecer recentemente contra o ETA para melhorar sua imagem antes das eleições gerais de 2008.
(ANDREA MURTA)

Com agências internacionais


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