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São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2003

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ANÁLISE

Terroristas visam autoridades sauditas

DA REDAÇÃO

O atentado ocorrido em Riad enviou aos governantes sauditas uma mensagem clara: o anúncio da saída das tropas americanas do berço do islã não acalmou o ânimo de terroristas decididos a desestabilizar o país.
Analistas disseram que o ataque, atribuído à Al Qaeda, chama a atenção para as pressões que a família real saudita sofre por manter uma aliança com os EUA.
"Não se trata mais de uma questão de terrorismo para eles [os membros da Al Qaeda]", disse Daud al Shirian, analista saudita. "Suas ações se tornaram uma guerra ao regime, uma guerra que visa transformar o país num novo Afeganistão, comandado por um Taleban à saudita."
Para Magnus Ranstorp, da Universidade St. Andrews (Reino Unido), o ataque faz parte de um esforço para "incitar outros sauditas a atacar o regime".
O terrorista saudita Osama bin Laden, líder da Al Qaeda, exigiu a expulsão das tropas americanas "infiéis" da terra que abriga os dois santuários mais sagrados do islã, em Meca e em Medina.
Mas, no passado, os sauditas buscavam negar que Bin Laden tivesse seguidores no reino. Vários atentados lançados contra ocidentais, nos últimos anos, foram por eles atribuídos a uma disputa entre estrangeiros relacionada ao álcool. Mas eles perceberam que não podem manter essa atitude.
Mesmo assim, a Arábia Saudita continuará a ser pressionada pelos EUA a fazer reformas. Mas os atentados, ao explicitar a ameaça comum aos dois países, poderá contribuir para uma nova aproximação entre ambos os governos.
E as autoridades sauditas buscam mostrar que participam ativamente da guerra ao terror liderada pelos EUA. Em 22 de de outubro passado, o enviado especial do governo saudita a Londres, o príncipe Turki al Faisal, disse que o governo saudita tinha detido 600 pessoas desde os atentados a um complexo residencial, em Riad, ocorridos em maio.
Inúmeras outras prisões de supostos terroristas ocorreram, na Arábia Saudita, desde então.
Além disso, o regime saudita começa a enfrentar uma forma de oposição antes totalmente impensável, proveniente das ruas. Os manifestantes protestam contra a falta de direitos e pedem mais liberdade política.
Além disso, os líderes políticos do reino, que estão envelhecendo, vêm enfrentando problemas socioeconômicos graves, que poderão agravar a crise.


Com agências internacionais


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