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Efeito dos distúrbios preocupa setor turístico
DO ENVIADO A PARIS
O afrouxamento nos distúrbios
na França soou como música aos
ouvidos da indústria de turismo
do país, a maior do mundo. Autoridades e empresários manifestaram nos últimos dias o temor de
que a violência afetasse o fluxo de
visitantes, até porque vários países -entre os quais EUA, Reino
Unido, Japão e Austrália- têm
recomendado aos seus cidadãos
que evitem viajar para a França.
O turismo é um setor estratégico da economia francesa, responsável por quase 7% do PIB e que
gera cerca de 2 milhões de empregos. O país, há muito recordista
mundial de visitantes, recebeu no
ano passado 75 milhões de turistas, que deixaram lá 33 bilhões.
O ministro do Turismo, Leon
Bertrand, tem buscado explicar
ao mundo que os pontos turísticos franceses estão livres de ataques. De fato, nenhum lugar de
interesse dos visitantes foi alvo
dos rebeldes. O mais próximo disso foram os três carros incendiados no fim de semana na Place de
Republique, que não é exatamente um ponto turístico.
Mas Bertrand admitiu: "Se a
violência continuar, teremos de
começar a nos preocupar com
nossa imagem".
A rede hoteleira Accor, a maior
da Europa, informou não ter sofrido perda significativa de clientes desde o início dos conflitos,
em 27 de outubro. Cancelamentos de reservas partiram especialmente de turistas asiáticos.
Turistas ouvidos pela Folha ontem em Saint-Michel, onde está a
catedral de Notre Dame, não demonstraram muita preocupação.
"A gente ouve as sirenes da polícia e olha para os lados para ver se
vê algum problema, mas não há
nada. Dá uma sensação estranha
acompanhar as cenas na TV, mas
aqui está muito tranqüilo", disse o
neozelandês Aron McEldowney,
25. Ele e seu amigo australiano
Lee Knight, 25, programaram a
viagem há três meses, quando
ainda não havia distúrbios. "E se
fosse hoje, teriam vindo, mesmo
sabendo de tudo?" "Provavelmente não, aí a gente teria ido pra
Amsterdã, encher a cara de cerveja", diverte-se Knight.
Cada uma com um crepe de
chocolate na mão, as irmãs italianas Alessia e Francesca Pascucci
aparentavam relaxamento ainda
maior.
"Nossos pais estão desesperados, mas não estamos nem aí. As
coisas estão acontecendo longe,
não vão chegar por aqui", afirmou a agente de viagens Alessia,
22, que paga em Paris o presente
de aniversário prometido a Francesca, 18.
(FV)
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