São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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Efeito dos distúrbios preocupa setor turístico

DO ENVIADO A PARIS

O afrouxamento nos distúrbios na França soou como música aos ouvidos da indústria de turismo do país, a maior do mundo. Autoridades e empresários manifestaram nos últimos dias o temor de que a violência afetasse o fluxo de visitantes, até porque vários países -entre os quais EUA, Reino Unido, Japão e Austrália- têm recomendado aos seus cidadãos que evitem viajar para a França.
O turismo é um setor estratégico da economia francesa, responsável por quase 7% do PIB e que gera cerca de 2 milhões de empregos. O país, há muito recordista mundial de visitantes, recebeu no ano passado 75 milhões de turistas, que deixaram lá 33 bilhões.
O ministro do Turismo, Leon Bertrand, tem buscado explicar ao mundo que os pontos turísticos franceses estão livres de ataques. De fato, nenhum lugar de interesse dos visitantes foi alvo dos rebeldes. O mais próximo disso foram os três carros incendiados no fim de semana na Place de Republique, que não é exatamente um ponto turístico.
Mas Bertrand admitiu: "Se a violência continuar, teremos de começar a nos preocupar com nossa imagem".
A rede hoteleira Accor, a maior da Europa, informou não ter sofrido perda significativa de clientes desde o início dos conflitos, em 27 de outubro. Cancelamentos de reservas partiram especialmente de turistas asiáticos.
Turistas ouvidos pela Folha ontem em Saint-Michel, onde está a catedral de Notre Dame, não demonstraram muita preocupação.
"A gente ouve as sirenes da polícia e olha para os lados para ver se vê algum problema, mas não há nada. Dá uma sensação estranha acompanhar as cenas na TV, mas aqui está muito tranqüilo", disse o neozelandês Aron McEldowney, 25. Ele e seu amigo australiano Lee Knight, 25, programaram a viagem há três meses, quando ainda não havia distúrbios. "E se fosse hoje, teriam vindo, mesmo sabendo de tudo?" "Provavelmente não, aí a gente teria ido pra Amsterdã, encher a cara de cerveja", diverte-se Knight.
Cada uma com um crepe de chocolate na mão, as irmãs italianas Alessia e Francesca Pascucci aparentavam relaxamento ainda maior.
"Nossos pais estão desesperados, mas não estamos nem aí. As coisas estão acontecendo longe, não vão chegar por aqui", afirmou a agente de viagens Alessia, 22, que paga em Paris o presente de aniversário prometido a Francesca, 18. (FV)

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