São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2005

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EUA

Crise política que atinge Bush afeta resultado em pleitos locais e estaduais; em Nova York, Bloomberg é reeleito prefeito

Republicanos amargam derrotas em eleições

IURI DANTAS
DE WASHINGTON

O presidente George W. Bush e o seu partido, o Republicano, pagaram ontem a fatura da crise política que vem abatendo a Casa Branca e o Congresso nas últimas semanas com derrotas significativas em eleições locais e estaduais nos EUA. A exceção foi o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, cuja reeleição representa para o Partido Democrata a perda do quarto mandato consecutivo, num Estado considerado "azul" (a cor dos democratas).
Na Califórnia, outro Estado que tradicionalmente vota nos democratas, o projeto do governador republicano, o ex-astro de Hollywood Arnold Schwarzenegger, também foi solapado em um referendo, o que o deve impelir a construir laços com a oposição.
Foram reprovadas pela população as quatro propostas de mudanças políticas, fiscais e educacionais propostas por ele. Neste caso, o prejuízo não foi apenas político, pois do bolso de Schwarzenegger saíram US$ 7 milhões para campanhas publicitárias.
Na disputa pelo posto de governador de Nova Jersey, o senador democrata Jon Corzine derrotou o republicano Doug Forrester em um desenlace já previsto. O Estado é considerado "azul".
Na Virgínia, um Estado "vermelho" -por votar sistematicamente nos republicanos-, o vice-governador democrata, Timothy Kaine, venceu as eleições enfatizando questões locais e se valendo do apoio do atual governador, Mark Warner. O pleito da Virgínia foi observado de perto em Washington. Primeiro pela surpreendente aparição de Bush no palanque do derrotado, Jerry Kilgore, na véspera da eleição. Segundo porque Warner é visto como uma aposta dos democratas para a Presidência, em 2008.
Bastante popular, Warner conseguiu ser eleito e fazer seu sucessor num Estado sulista e conservador. História semelhante à de outro democrata chamado Bill Clinton, eleito para a Casa Branca depois de governar o Arkansas. Num país cada vez mais dividido, vale muito um liberal bem visto por conservadores.
Para os republicanos, o resultado das eleições significa mais um capítulo de uma crise iniciada há dois meses com o furacão Katrina. Vieram depois os aumentos dos preços de energia, investigações criminais contra os líderes do Senado, Bill Frist, e da Câmara, Tom DeLay, o indiciamento do ex-chefe-de-gabinete do vice-presidente Dick Cheney, Lewis Libby. E mais a suspeita de prisões secretas usadas pela CIA na guerra ao terrorismo de Bush.
Por outro lado, o avanço democrata ontem significa pouco. Em especial quando se leva em conta que há um ano a mesma Virgínia deu 54% de seus votos para Bush. Especialistas de ambos os partidos transferem suas expectativas para as eleições legislativas no ano que vem, que podem modificar o perfil do Congresso, hoje controlado pelos republicanos.


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