São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

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Paquistão prende 20 por ataques

Islamabad confirma prisão de líder de grupo extremista apontado como mentor de atentados em Mumbai

Presidente paquistanês diz, porém, que não extraditará detidos; em Nova Déli, governo revela identidade de nove terroristas mortos

DA REDAÇÃO

Oficiais do governo do Paquistão anunciaram ontem a prisão de mais 20 supostos integrantes do Lashkar-e-Taiba -grupo que combate a presença indiana na Caxemira- em pelo menos cinco novos ataques a campos de treinamento da organização. A Índia atribui ao grupo a autoria dos ataques de 26 de novembro a Mumbai, em que morreram 171 pessoas.
Em entrevista a uma emissora indiana, o ministro da Defesa paquistanês, Ahmad Mukhtar, também confirmou que, entre as pessoas presas na ação anterior, no domingo, está Zaki ur Rehman Lakhvi, líder do Lashkar-e-Taiba. Mukhtar anunciou ainda a prisão de Masood Azhar, da Jaish-e-Muhammad, outro grupo proscrito no país.
Os ataques a campos de treinamento do Lashkar-e-Taiba, na Caxemira paquistanesa, no domingo, foram a primeira resposta militar de Islamabad às pressões exercidas pelos governos da Índia e dos EUA pela repressão a terroristas em seu território. Segundo oficiais, as operações de ontem já foram realizadas a partir de informações obtidas do próprio Lakhvi.
O Lashkar-e-Taiba foi tornado ilegal em 2002 pelo então presidente Pervez Musharraf, após ser acusado pelo ataque ao Parlamento indiano, em Nova Déli. Em sua origem, o grupo manteve estreita relação com os serviços de inteligência paquistaneses, que, com o apoio de Washington, treinava combatentes da presença soviética no Afeganistão, nos anos 80.

Identidades
Azhar, um dos nomes na lista de 20 suspeitos cujas extradições foram pedidas por Nova Déli após os ataques, havia sido libertado em 1999 em troca de reféns em um avião da Indian Airlines seqüestrado em Candahar, no Afeganistão. O presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, reiterou, no entanto, que os acusados serão julgados no país, contrariando a Índia.
A polícia de Mumbai revelou ontem o que afirmou serem as identidades dos nove terroristas mortos durante os três dias de ataques a Mumbai e de suas cidades de origem, todas elas localizadas no Punjab paquistanês -fronteiriço com o Punjab indiano. O décimo terrorista foi detido vivo e permanece preso em local desconhecido.
Cinco deles foram identificados a partir de documentos de identidade; três, com base em fotos de cadáveres, com os rostos significativamente queimados. Fotos do nono terrorista não foram divulgadas porque ele teria ficado irreconhecível, de acordo com a polícia. Todos eles tinham entre 20 e 28 anos.
O investigador-chefe da polícia de Mumbai, Rakesh Maria, disse que o líder do grupo era Ismail Khan, 25, da cidade de Deira Ismail Khan. Segundo Maria, um veterano do Lashkar-e-Taiba. O terrorista vivo, Ajmal Amir Kasab, de acordo com a polícia, disse que foi recrutado por Lakhvi, suposto co-organizador dos ataques.
A versão da polícia de Mumbai reforça as acusações do governo indiano de que os terroristas eram paquistaneses e partiram do país vizinho para realizar os ataques, aumentando as pressões sobre Islamabad para ações de repressão como as realizadas ontem e domingo.
Washington atua para evitar o acirramento das tensões na região, o que pode levar Islamabad a deslocar tropas para a fronteira indiana. O presidente George W. Bush disse ontem a militares que alertou o Paquistão de que fará o necessário para proteger americanos da ameaça terrorista no país.


Com o "New York Times" e agências internacionais


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