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ANÁLISE
"É preciso mudar a lei para prender terroristas"
CLIVE CROOK
DO FINANCIAL TIMES
A tentativa de ataque aos
EUA no Natal [quando o nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab tentou explodir um avião
proveniente de Amsterdã] representou o primeiro encontro
direto de Obama com um possível ato de terror doméstico.
O modo como seu governo lidou com a situação deixou algo
a desejar. Muitas das críticas
feitas ao presidente foram injustas, algumas até ridículas,
mas a equipe de Obama forneceu aos seus detratores bastante matéria-prima.
Membros de alto escalão do
governo cometeram erros grosseiros. Quando Janet Napolitano, secretária de Segurança Doméstica, afirmou que o "sistema funcionou" -depois de já se
conhecerem falhas de cruzamento de dados-, o governo se
viu em situação delicada.
Passado o perigo imediato, o
chefe do Centro Nacional de
Contraterrorismo manteve seu
período de folga programada. O
próprio presidente se encontrava fora da Casa Branca.
Como outro ato terrorista interno não atingiu os EUA desde
2001, os americanos não tiveram que aprender a viver com o
terrorismo. Por ora, a sensação
de segurança é bastante alta.
Parte dos críticos afirma que o
governo incentiva esse tipo de
sensação equivocada com medidas extras de segurança, pouco eficazes contra o terrorismo.
Do lado oposto, republicanos
dizem que Obama não é duro o
suficiente com os terroristas. O
presidente, para eles, não parece disposto a chamar de guerra
uma guerra, e sua leniência está
atando as mãos do país.
Em vez de ser detido como
combatente inimigo e posto
sob a custódia dos militares,
Abdulmutallab foi tratado como um criminoso comum, teve
os seus direitos lidos e acesso a
um advogado. Isso é mais do
que suficiente para causar um
derrame no ex-vice-presidente
Dick Cheney -e muitos americanos concordam com ele.
Há também os que se perguntam por que ninguém foi
demitido após o episódio.
A crítica republicana de que
Obama é leniente com o terror,
no entanto, não faz sentido.
Basta considerar a escalada no
Afeganistão, o adiamento na
decisão de fechar Guantánamo,
a reafirmação do poder de detenção de suspeitos de terrorismo por tempo indefinido. Em
tudo, Obama continua o que foi
iniciado por George W. Bush.
Mas há um aspecto de sua
política de segurança que precisa ser modificado. Pelas leis
atuais, os responsáveis pela prisão de Abdulmutallab só tinham duas opções: detê-lo como combatente inimigo ou
acusá-lo por crime comum.
Obama deveria encaminhar
ao Congresso uma lei capaz de
criar uma terceira via. A guerra
contra a Al Qaeda não é uma
guerra comum -especialmente quando o inimigo ataca cidadãos americanos. E os integrantes da Al Qaeda também
não são criminosos comuns. A
lei americana deveria ser capaz
de incorporar esses fatos.
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