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Libby diz que teve ordem para vazar informações
NEIL LEWIS
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
O ex-chefe-de-gabinete do vice-presidente Dick Cheney, Lewis
Libby Jr., disse a um júri de instrução que foi autorizado por "seus
superiores" a revelar a jornalistas
informações sigilosas sobre a capacidade iraquiana de armas em
2003, segundo documento registrado por um promotor federal.
O relatório mostra que Libby
participou do esforço de relações
públicas da administração de
George W. Bush para rebater as
queixas de que havia poucos fundamentos para dizer que Saddam
Hussein tinha ou buscava armas
de destruição em massa, alegação
que justificou a invasão do Iraque.
O documento é parte dos argumentos contra Libby, acusado de
mentir sobre seu papel no vazamento a jornalistas da identidade
de uma agente da CIA (Agência
Central de Inteligência).
O promotor Patrick Fitzgerald,
em carta enviada aos advogados
de Libby no mês passado, disse
que este depôs diante do júri de
instrução dizendo que "não manteve contatos com jornalistas nos
quais revelou o teor da Estimativa
de Inteligência Nacional (EIN)"
relativa à capacidade nuclear iraquiana. "Também observamos
que Libby declarou em seu depoimento que foi autorizado por seus
superiores a revelar à imprensa
informações sobre a EIN."
Em outubro passado, Libby foi
indiciado por cinco acusações de
falso testemunho e obstrução da
Justiça, envolvendo o que Fitzgerald afirma ter sido uma tentativa
de enganar investigadores sobre
seu papel no vazamento da identidade de Valerie Wilson como
agente da CIA.
Valerie é mulher de Joseph Wilson, ex-embaixador que acusara a
administração de distorcer informações sobre as tentativas do Iraque de comprar urânio do governo do Níger.
A identidade de Valerie Wilson
foi revelada primeiramente numa
coluna assinada por Robert Novak em julho de 2003, logo depois
de Joseph Wilson escrever um artigo no "New York Times" dizendo que investigara a alegação sobre o Níger e encontrara poucas
evidências que a respaldassem.
A nota de 23 de janeiro do promotor parece constituir uma tentativa de provar que Libby usava
informações secretas para promover os argumentos da administração, ao mesmo tempo em
que a identidade de Valerie Wilson era vazada aos jornalistas.
A EIN, redigida em outubro de
2002, dizia que "o Iraque provavelmente terá uma arma nuclear
ainda nesta década", mas incluía
pareceres divergentes. O relatório
foi classificado como sigiloso.
Em 18 de julho, quando se espalharam dúvidas quanto aos argumentos em favor da invasão do
Iraque, algumas das quais atribuíveis ao artigo de Joseph Wilson, o
governo retirou o documento da
categoria de sigiloso.
Em sua carta, o promotor Fitzgerald disse que Libby comentou
o teor do relatório sigiloso numa
reunião em 8 de julho com Judith
Miller, na época repórter do "New
York Times". Miller disse ao júri
de instrução que Libby lhe falou
sobre Valerie Wilson nesse dia.
Os advogados de Libby já deram a entender que não vão contestar a alegação de que ele teria
dado declarações enganosas sobre como soube da identidade de
Valerie Wilson e se compartilhou
essa informação com jornalistas.
Eles já disseram que quaisquer
declarações inverídicas de Libby
aos investigadores foram fruto de
sua preocupação com questões
graves de segurança nacional.
Tradução de Clara Allain
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