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Ex-ministro boliviano é condenado a fazer tijolos de barro por dirigir bêbado
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-ministro da Educação da Bolívia Félix Patzi fabricou anteontem 300 tijolos de barro, parte da sentença imposta por sua comunidade indígena por ter sido
flagrado dirigindo bêbado.
O resto da pena comunitária ele já cumprira no domingo: pediu, diante das
TVs, perdão ao presidente
Evo Morales, aimará como
ele, e disse que, assim, estava
livre para retomar a candidatura governista à chefia do
Departamento de La Paz nas
eleições de abril.
O caso gera debate na Bolívia: quais os limites da Justiça comunitária sob a nova
Constituição? Quem terá a
última palavra no fortalecido partido governista MAS
(Movimento ao Socialismo)?
"Estão manipulando a
Justiça comunitária por motivos políticos", disse à Folha o ex-vice-presidente Victor Hugo Cárdenas, aimará e
crítico da Carta de Morales.
No começo do mês, Patzi
tentou, sem sucesso, fugir de
policiais após passar numa
blitz em La Paz. Para seu
azar, dias antes, Morales havia baixado decreto endurecendo as regras de trânsito:
bêbados flagrados ao volante
teriam a carteira cassada.
O presidente se enfureceu
e anunciou que Patzi, que
chegara a renunciar, estava
vetado como candidato.
Enquanto promete terminar de fazer os tijolos (mil ao
todo), Patzi, sociólogo expoente do movimento indígena, acusa o "entorno brancoide" de Morales de "preconceito" e de tentar alijá-los do poder. Também reclamou do rigor da "lei seca".
Não foi o único insatisfeito
no país com altos índices de
acidentes -não raro envolvendo álcool- nas sinuosas
estradas. Ontem, motoristas
de La Paz começaram greve
contra a nova lei.
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