São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

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Líder da Irmandade defende 3ª via com princípios islâmicos

COLUNISTA DA FOLHA

A Irmandade Muçulmana acrescentou ontem um ponto de interrogação às inúmeras suspeitas que cercam no Ocidente esse que é o mais antigo grupo islamita do Egito (e do mundo árabe).
Em artigo para o "New York Times", Essan El-Errian, membro do Conselho de Guias da Irmandade, defendeu uma espécie de terceira via para a democracia egípcia cujo parto está aparentemente à vista.
No texto, El-Errian afirma discordar de que "as únicas opções para o Egito sejam uma democracia puramente secular e liberal ou uma teocracia autoritária".
Para ele, no Egito, "a religião continua a ser uma parte importante de nossa cultura e herança". Por isso, o líder da Irmandade escreve que o movimento "abraça a democracia não como um conceito estrangeiro que precisa ser reconciliado com a tradição, mas como um conjunto de princípios e objetivos que são inerentemente compatíveis com e reforçam princípios islâmicos".
Dá a sensação de que El-Errian está dizendo que os princípios islâmicos são inerentemente democráticos, uma tese que, no Ocidente, enfrenta sérias resistências.
Mas é uma tese defendida também por Tariq Ramadan, professor de Estudos Islâmicos Contemporâneos, em artigo para "GlobalViews", em que diz que "os líderes do movimento já não representam as aspirações dos mais jovens, que, muito mais abertos ao mundo e desejosos de promover reformas internas, estão fascinados com o exemplo turco".
A Turquia é o único caso de democracia em país de maioria muçulmana.
De todo modo, Ramadan, neto do fundador da Irmandade Muçulmana, Hasan al Bana, admite que, "por trás da fachada de unidade e da hierarquia, operam influências contraditórias".
Por extensão, "ninguém pode dizer em que direção irá o movimento".
Não é exatamente uma frase tranquilizadora para o Ocidente, que sabe que a democracia é também sinônimo de incertezas. (CLÓVIS ROSSI)


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