São Paulo, domingo, 11 de março de 2007

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Recepção negativa nas ruas vira tônica

DO ENVIADO AO URUGUAI

Com menos de meia hora em solo uruguaio, a caminho de Montevidéu, George W. Bush passou por seu primeiro constrangimento, na noite de sexta. Num dos pontilhões, uma pichação conseguiu furar o pente-fino da "operação belezura" por que passou a capital. Dizia: "Enfrente o império. Fora, Bush!"
Poucas horas antes, pelo menos 20 jovens eram presos na cidade, em manifestações parecidas às que tomaram a av. Paulista, em São Paulo, na tarde anterior. Aos poucos, a recepção negativa vai dando a tônica à terceira e mais longa viagem pela América Latina já feita pelo presidente norte-americano.
Em Montevidéu, mais de cem pessoas mascaradas que se identificaram como pertencentes aos grupos radicais Fogoneros e Quebracho, este argentino, tomavam a movimentada região das ruas Rivera e Jackson, no centro da cidade. Atacaram três lojas da rede de fast-food norte-americana McDonald's, uma ótica e um templo da Igreja Universal do Reino de Deus, fundada pelo brasileiro Edir Macedo.
O ataque à igreja se seguiu a uma discussão entre fiéis e manifestantes. Os segundos interromperam a sessão religiosa dos primeiros, que saíram à rua para reclamar, um deles com um revólver na mão. O resultado foi a destruição parcial da fachada do templo.
Houve saques. Num McDonald's, um mascarado convocava: "Entrem, entrem, os hambúrgueres hoje são de graça, cortesia de Bush e Vázquez!"
Várias manifestações haviam sido convocadas pela Coordenação Antiimperialista, formada por grupos e partidos de esquerda. Muitos gritavam "Cuba sim, ianques não" e "Bush fascista, você é terrorista" e levavam bandeiras uruguaias, cubanas, venezuelanas e palestinas.
Na chancelaria uruguaia, manifestantes colocaram um caixão. Três ministérios tiveram suas sedes pintadas com slogans anti-Bush. A violência levou o Congresso uruguaio a convocar para depoimento a ministra do Interior, Daysy Tourné, há 24 horas no cargo.
Na manhã de sábado, a cidade parecia calma. Ao sair de seu hotel, Bush exclamou: "What a wonderful day!" (que dia maravilhoso).
Mais tarde, dezenas de manifestantes protestaram a 600 metros da residência do embaixador dos EUA no Uruguai, onde Bush participava de um jantar. Não houve incidentes. (SÉRGIO DÁVILA)


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