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Recepção
negativa nas ruas vira tônica
DO ENVIADO AO URUGUAI
Com menos de meia hora em solo uruguaio, a caminho de Montevidéu,
George W. Bush passou
por seu primeiro constrangimento, na noite de
sexta. Num dos pontilhões, uma pichação conseguiu furar o pente-fino
da "operação belezura"
por que passou a capital.
Dizia: "Enfrente o império. Fora, Bush!"
Poucas horas antes, pelo
menos 20 jovens eram
presos na cidade, em manifestações parecidas às
que tomaram a av. Paulista, em São Paulo, na tarde
anterior. Aos poucos, a recepção negativa vai dando
a tônica à terceira e mais
longa viagem pela América Latina já feita pelo presidente norte-americano.
Em Montevidéu, mais
de cem pessoas mascaradas que se identificaram
como pertencentes aos
grupos radicais Fogoneros
e Quebracho, este argentino, tomavam a movimentada região das ruas Rivera
e Jackson, no centro da cidade. Atacaram três lojas
da rede de fast-food norte-americana McDonald's,
uma ótica e um templo da
Igreja Universal do Reino
de Deus, fundada pelo brasileiro Edir Macedo.
O ataque à igreja se seguiu a uma discussão entre fiéis e manifestantes.
Os segundos interromperam a sessão religiosa dos
primeiros, que saíram à
rua para reclamar, um deles com um revólver na
mão. O resultado foi a destruição parcial da fachada
do templo.
Houve saques. Num
McDonald's, um mascarado convocava: "Entrem,
entrem, os hambúrgueres
hoje são de graça, cortesia
de Bush e Vázquez!"
Várias manifestações
haviam sido convocadas
pela Coordenação Antiimperialista, formada por
grupos e partidos de esquerda. Muitos gritavam
"Cuba sim, ianques não" e
"Bush fascista, você é terrorista" e levavam bandeiras uruguaias, cubanas, venezuelanas e palestinas.
Na chancelaria uruguaia, manifestantes colocaram um caixão. Três ministérios tiveram suas sedes pintadas com slogans
anti-Bush. A violência levou o Congresso uruguaio
a convocar para depoimento a ministra do Interior, Daysy Tourné, há 24
horas no cargo.
Na manhã de sábado, a
cidade parecia calma. Ao
sair de seu hotel, Bush exclamou: "What a wonderful day!" (que dia maravilhoso).
Mais tarde, dezenas de
manifestantes protestaram a 600 metros da residência do embaixador dos
EUA no Uruguai, onde
Bush participava de um
jantar. Não houve incidentes.
(SÉRGIO DÁVILA)
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