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Americanos interessados na região criticam declarações de presidente
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Políticos e diplomatas americanos consultados pela Folha
se disseram ontem "decepcionados" com as declarações do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva sobre prisões políticas em
Cuba. O deputado democrata
Eliot Engel, presidente da subcomissão de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes para o hemisfério Ocidental, afirmou que "foi um comentário bobo".
"Sou um grande admirador
do Brasil, mas o governo Lula
adotou alguns caminhos errados", afirmou à Folha durante
audiência pública na Câmara
sobre as políticas dos EUA para
a América Latina. Ele se referia
não só a Cuba mas à aproximação do Brasil com o Irã, alvo de
várias críticas na audiência.
Otto Reich, diplomata linha-dura e ex-número um do Departamento de Estado para a
América Latina que depôs na
audiência, também afirmou estar "profundamente desapontado" com Lula. "Ele foi perseguido politicamente no passado, e isso não faz dele um criminoso comum. Acho que falou por ignorância no tema,
não por maldade."
Na mesma ocasião, o número
um do Departamento de Estado dos EUA para a América Latina, Arturo Valenzuela, apesar
de não oferecer resposta direta
aos comentários de Lula, criticou os direitos humanos em
Cuba -em uma disparidade de
posições que ameaça transformar o tema em mais um flanco
de discordâncias entre Brasília
e Washington.
"Continuamos profundamente preocupados com a situação dos direitos humanos
em Cuba, que contribuíram para a recente morte do preso de
consciência Orlando Zapata
como resultado de uma greve
de fome", disse.
Por fim, funcionários do governo dos EUA consultados pela Folha rejeitaram a comparação feita por Lula entre criminosos comuns em São Paulo e
presos políticos cubanos. Segundo eles, a fala foi no mínimo
imprecisa, e é o desejo de Washington que todos os países
próximos a Cuba abordem com
o país a questão dos direitos
humanos na ilha.
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