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FRENTE NORTE
Centro petrolífero cai sem resistência; Pentágono anuncia entrada de tropas em Mossul
Americanos e curdos tomam Kirkuk
DA REDAÇÃO
Guerrilheiros curdos e forças
especiais dos EUA tomaram ontem de manhã a cidade de Kirkuk,
no norte do Iraque, um dos centros da industria petrolífera iraquiana. A invasão aconteceu quase sem resistência iraquiana e deflagrou comemorações nas ruas e
saques a prédios públicos.
O secretário da Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, disse na noite
de ontem em Washington que pequenos grupos de soldados americanos e guerrilheiros curdos haviam entrado na cidade de Mossul, a terceira maior do país.
"Fui informado de que é um
processo ordenado e que as forças
[americanas e curdas] estão entrando e sendo bem recebidas pela população", declarou.
Também foi tomada a cidade de
Khaneqin, na fronteira com o Irã.
Segundo a rede CNN, militares
americanos esperavam ontem a
rendição do 5º Corpo do Exército
iraquiano e do governador-geral
de Mossul. A cidade foi intensamente bombardeada pelos EUA
durante a guerra.
Kirkuk foi a primeira grande cidade do norte do país a cair na
guerra contra Saddam Hussein, e
a captura deixou em alerta o governo turco, que teme a criação de
um Estado curdo independente.
Mais de cem veículos carregando guerrilheiros peshmergas desfilaram pela cidade -que os curdos consideram sua capital histórica-, com bandeiras das duas
maiores facções que comandam a
região autônoma do Curdistão:
amarelo para o Partido Democrático do Curdistão e verde para a
União Patriótica do Curdistão.
Forças especiais dos EUA entraram na cidade junto com os curdos, após bombardeios com
aviões B-52 que finalizaram a defesa iraquiana. Não havia informações sobre forças iraquianas
ainda em Kirkuk, apesar de ter
havido troca de tiros na periferia.
Após a notícia da tomada da cidade, o ministro turco das Relações Exteriores, Abdullah Gul,
disse que seu país estava "observando a situação no Iraque bem
de perto" e pressionou os EUA a
aceitarem observadores militares
no norte iraquiano.
O secretário de Estado dos EUA,
Colin Powell, teria garantido que
as forças norte-americanas iriam
"remover" os curdos da cidade. A
informação, que partiu do governo turco, foi negada ontem pelo
porta-voz da Casa Branca, Ari
Fleischer.
Ele, no entanto, confirmou que
tropas americanas controlariam a
cidade e que os EUA admitiriam
os observadores.
"Nós estivemos em contato
com autoridades turcas. Entendemos suas preocupações, e os americanos vão cuidar de Kirkuk."
O líder curdo Jalal Talabani, da
União Patriótica do Curdistão,
disse que os guerrilheiros curdos
deixariam Kirkuk hoje à noite
(horário iraquiano). "Nenhum
peshmerga vai permanecer. Mas
nós estamos esperando os americanos controlarem a área", disse.
Os moradores de Kirkuk, que
tem cerca de 700 mil habitantes,
deram efusivas boas vindas aos
curdos. Os peshmergas foram recebidos como "libertadores" e
crianças corriam pelas ruas, parando carros e gritando: "Obrigado, sr. Bush!" No centro da cidade, uma multidão de cerca de 300
pessoas derrubou uma estátua do
ex-ditador Saddam Hussein, repetindo o gesto feito em Bagdá.
"Os soldados iraquianos fugiram como covardes. Graças a
Deus, aos curdos e a Bush, eles foram embora", disse Abu Sardar
Mustafá, morador de Kirkuk.
"Estou feliz pela primeira vez em
50 anos", afirmou.
Os curdos, separatistas, eram
perseguidos pelo regime de Saddam. Em 1988, um ataque com armas químicas do governo matou
dezenas de milhares de curdos.
Com agências internacionais
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