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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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FRENTE NORTE

Centro petrolífero cai sem resistência; Pentágono anuncia entrada de tropas em Mossul

Americanos e curdos tomam Kirkuk

DA REDAÇÃO

Guerrilheiros curdos e forças especiais dos EUA tomaram ontem de manhã a cidade de Kirkuk, no norte do Iraque, um dos centros da industria petrolífera iraquiana. A invasão aconteceu quase sem resistência iraquiana e deflagrou comemorações nas ruas e saques a prédios públicos.
O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse na noite de ontem em Washington que pequenos grupos de soldados americanos e guerrilheiros curdos haviam entrado na cidade de Mossul, a terceira maior do país.
"Fui informado de que é um processo ordenado e que as forças [americanas e curdas] estão entrando e sendo bem recebidas pela população", declarou.
Também foi tomada a cidade de Khaneqin, na fronteira com o Irã.
Segundo a rede CNN, militares americanos esperavam ontem a rendição do 5º Corpo do Exército iraquiano e do governador-geral de Mossul. A cidade foi intensamente bombardeada pelos EUA durante a guerra.
Kirkuk foi a primeira grande cidade do norte do país a cair na guerra contra Saddam Hussein, e a captura deixou em alerta o governo turco, que teme a criação de um Estado curdo independente.
Mais de cem veículos carregando guerrilheiros peshmergas desfilaram pela cidade -que os curdos consideram sua capital histórica-, com bandeiras das duas maiores facções que comandam a região autônoma do Curdistão: amarelo para o Partido Democrático do Curdistão e verde para a União Patriótica do Curdistão.
Forças especiais dos EUA entraram na cidade junto com os curdos, após bombardeios com aviões B-52 que finalizaram a defesa iraquiana. Não havia informações sobre forças iraquianas ainda em Kirkuk, apesar de ter havido troca de tiros na periferia.
Após a notícia da tomada da cidade, o ministro turco das Relações Exteriores, Abdullah Gul, disse que seu país estava "observando a situação no Iraque bem de perto" e pressionou os EUA a aceitarem observadores militares no norte iraquiano.
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, teria garantido que as forças norte-americanas iriam "remover" os curdos da cidade. A informação, que partiu do governo turco, foi negada ontem pelo porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.
Ele, no entanto, confirmou que tropas americanas controlariam a cidade e que os EUA admitiriam os observadores.
"Nós estivemos em contato com autoridades turcas. Entendemos suas preocupações, e os americanos vão cuidar de Kirkuk."
O líder curdo Jalal Talabani, da União Patriótica do Curdistão, disse que os guerrilheiros curdos deixariam Kirkuk hoje à noite (horário iraquiano). "Nenhum peshmerga vai permanecer. Mas nós estamos esperando os americanos controlarem a área", disse.
Os moradores de Kirkuk, que tem cerca de 700 mil habitantes, deram efusivas boas vindas aos curdos. Os peshmergas foram recebidos como "libertadores" e crianças corriam pelas ruas, parando carros e gritando: "Obrigado, sr. Bush!" No centro da cidade, uma multidão de cerca de 300 pessoas derrubou uma estátua do ex-ditador Saddam Hussein, repetindo o gesto feito em Bagdá.
"Os soldados iraquianos fugiram como covardes. Graças a Deus, aos curdos e a Bush, eles foram embora", disse Abu Sardar Mustafá, morador de Kirkuk. "Estou feliz pela primeira vez em 50 anos", afirmou.
Os curdos, separatistas, eram perseguidos pelo regime de Saddam. Em 1988, um ataque com armas químicas do governo matou dezenas de milhares de curdos.


Com agências internacionais


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