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Preocupada, Turquia envia observadores
DA REDAÇÃO
Com anuência dos EUA, a Turquia enviará observadores militares para a cidade iraquiana de Kirkuk, tomada ontem por peshmergas (guerrilheiros curdos) aliados
às tropas anglo-americanas, e para Mossul, onde essas tropas começaram a entrar.
O governo em Ancara teme que
a presença dos curdos no controle
das duas principais cidades do
norte do Iraque -um dos maiores pólos petrolíferos do país-
dê ao grupo étnico condições políticas e financeiras para obter a
independência do Curdistão.
Desde 1991, os curdos gozam de
autonomia virtual em três províncias do norte do Iraque.
Como o sudeste da Turquia
concentra a maior parte dos 25
milhões de curdos do mundo, um
Curdistão independente possivelmente avançaria no território turco. O restante do grupo se espalha
por Iraque, Irã, Síria e Armênia.
O vice-premiê e ministro das
Relações Exteriores, Abdullah
Gul, declarou ontem que a Turquia fará "todo o necessário" para
proteger seus interesses na região.
O país tem 40 mil soldados na
fronteira com o Iraque e faz incursões esporádicas na região.
"Estamos acompanhando os
acontecimentos e mandaremos
observadores das Forças Armadas [para Kirkuk e Mossul]", disse Gul à rede turca NTV. Segundo
a agência Anatoli, o secretário de
Estado dos EUA, Colin Powell, teria prometido ao ministro, por telefone, a remoção dos curdos do
comando tão logo a 173ª Brigada
Aérea chegue a Kirkuk.
O porta-voz da Casa Branca, Ari
Fleischer, disse que a cidade ficará
"sob controle americano" e informou que Washington concordou
com o envio de "um pequeno número" de observadores turcos.
Os curdos iraquianos reagiram
alegando que não pretendem usar
a reorganização política do Iraque
pós-guerra para declarar independência. "Já ordenei aos peshmergas que deixem a cidade até
amanhã [hoje] de manhã", disse
ontem o líder curdo iraquiano Jalal Talabani em entrevista à sucursal turca da rede americana CNN.
Relações estremecidas
A posição em relação aos curdos
criou atritos entre os governos
americano e turco quando a Turquia anunciou, logo após a eclosão da guerra, em 20 de março,
que mandaria seus soldados para
o norte do Iraque a fim de "preservar a integridade de seu território" e "refrear um eventual fluxo de refugiados para o país".
Os EUA reprovaram a ação temendo que o confronto entre curdos e turcos prejudicasse a campanha militar para derrubar o ex-ditador Saddam Hussein e arriscasse posições no norte do Iraque.
A Turquia recuou para evitar a
deterioração ainda maior de suas
relações com os EUA, já abaladas
pela recusa do país em ceder suas
bases militares para o uso da coalizão. A negativa obrigou a coalizão a redesenhar sua estratégia,
abandonando o plano de entrar
no Iraque pelo norte e atrasando,
entre outras coisas, a tomada de
Tikrit, cidade de Saddam.
Com agências internacionais
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