DA REDAÇÃO

Dois institutos publicaram logo após o fechamento das urnas pesquisas que davam a Romano Prodi uma vitória apertada. O Nexus -que tem entre seus clientes a TV pública RAI e a rede de televisão de Silvio Berlusconi- atribuía ao candidato do bloco de centro-esquerda de 50% a 54% dos votos. Logo em seguida o Piepoli, contratado pela Sky, confirmava a projeção e dizia que a atual oposição teria 52%.
Um dos responsáveis pelo Nexus, Serafino Ruperto, afirmava que sua margem de erro era inferior a dois pontos, e que 3.500 pesquisadores colhiam resultados em 1.050 seções eleitorais.
Foi quando partidários de Prodi se lançaram em declarações imprudentes de comemoração.
A mais eloqüente partiu de Massimo d"Alema, ex-chefe de governo e dirigente do Partido da Esquerda Democrática (ex-comunista). "É o fim da temporada da antipolítica de Berlusconi. Podemos voltar a fazer política."
Acreditando ter condições para comemorar a vitória, partidários de Prodi começaram a se juntar às centenas na praça dos Santíssimos Apóstolos, em Roma. Técnicos de uma empresa de estruturas metálicas receberam reforço para apressar o acabamento de uma plataforma que deveria abrigar as câmaras de televisão.
A algumas centenas de metros de lá, diante do QG de Silvio Berlusconi, o clima era de quase conformismo com a derrota.
De nada adiantava Claudio Scajola, um dos assessores da campanha do primeiro-ministro, afirmar que "o resultado ainda é incerto" e que as eleições presidenciais americanas de 2000 recomendavam ter prudência.
Mesmo assim, diante da sede do Força Itália, apenas uma barraca de cor creme e cerca de 50 cadeiras eram previstas para simpatizantes que viessem comemorar o sucesso eleitoral do premiê.
Eis que, cauteloso, o "New York Times" anunciava em sua edição online que a única certeza era a de que o bloco de Berlusconi havia perdido muitas cadeiras na Câmara e no Senado. E também constatava, com outras palavras, que o bloco de centro-direita estava sendo beneficiado pelo voto envergonhado -é o eleitor que não diz ao pesquisador dos institutos em quem realmente votou.
A ducha de água fria veio três horas depois do fechamento das urnas. Uma nova projeção dava estreita vitória a Berlusconi.
Prodi, que adiara duas vezes o discurso de vitória, anunciou que só se pronunciaria com base nos resultados finais.