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IRAQUE OCUPADO
Anistia denuncia assassinatos de civis iraquianos por soldados britânicos; Portugal e Itália criticam EUA
55% dos britânicos querem volta das tropas
Roberto Schmidt/France Presse
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Moradores de Fallujah comemoram o que consideram a "derrota norte-americana" pela cidade, principal foco da insurgência sunita |
DA REDAÇÃO
Pesquisa divulgada ontem pelo
diário britânico "The Independent" revela que 55% dos eleitores
do Reino Unido defendem a retirada das tropas do Iraque até 30
de junho, quando deve ocorrer a
transferência de poder aos iraquianos. A porcentagem é praticamente o dobro dos que defendem a permanência -28%. Outros 17% não responderam.
O levantamento mostra um
descontentamento com a política
no Iraque no momento em que o
governo avalia a necessidade de
enviar mais soldados ao país ocupado para combater a insurreição
contra as forças da coalizão. O
Reino Unido mantém a segundo
maior contingente no Iraque,
com cerca de 8.000 militares.
A pesquisa foi conduzida entre
os dias 30 de abril e 2 maio, período em que estourou o escândalo
dos casos de torturas e maus-tratos contra prisioneiros iraquianos. O jornal não divulgou a margem de erro do levantamento.
Os números refletem um período turbulento para o governo do
premiê Tony Blair (trabalhista),
que tenta se defender das alegações da maus-tratos contra iraquianos. Em pesquisas semelhantes realizadas sobre a ação britânica no Iraque, a população se mostrava mais dividida sobre o tema.
Em depoimento ao Parlamento
ontem, o secretário da Defesa britânico, Geoff Hoon, disse que dois
casos de maus-tratos envolvendo
soldados britânicos podem se
transformar em processos em
breve. Ele não deu mais detalhes.
Hoon disse que a situação continua tensa nas cidades de Basra e
Amara (sul) e que espera mais
violência nos próximos dias.
Anistia
A Anistia Internacional acusou
ontem soldados britânicos de terem baleado e matado civis iraquianos, inclusive um criança de
8 anos, em diversas situações sem
ameaça aparente. A entidade de
defesa dos direitos humanos também afirma que, ao contrário do
que se supõe, a região controlada
pelo Reino Unido, no sul do país,
está bastante violenta.
O relatório de uma das principais entidades de direitos humanos do mundo disse que as Forças
Armadas britânicas não investigaram diversos casos em que soldados britânicos mataram civis
iraquianos. Já os inquéritos realizados sobre o problema foram excessivamente sigilosos.
O Ministério da Defesa informou à agência Associated Press
que só comentaria as acusações
após examinar o relatório.
Segundo a Anistia, grupos armados e indivíduos têm assassinado até centenas de civis na região controlada pelos britânicos,
de maioria xiita.
O relatório não estima quantos
civis iraquianos teriam sido mortos por soldados britânicos, mas
afirma que, em agosto, um soldado matou a tiros Hanan Saleh Matrud, 8, na cidade de Karmat'Ali.
A acusação se baseia no relato de
uma testemunha.
Críticas de aliados
As denúncias de tortura e maus-tratos contra soldados norte-americanos provocaram ontem
críticas entre os aliados de Washington no Iraque.
Uma das censuras mais duras
veio de Portugal, que mantém 128
oficiais de polícia no Iraque. O
premiê José Durão Barroso disse
que os abusos na prisão de Abu
Ghraib (Bagdá) são "vis, degradantes e repugnantes". O governo
português, no entanto, não deu sinais de que mudará sua política
sobre o Iraque.
Na Itália, o premiê Silvio Berlusconi disse que as imagens são
"terríveis", mas que manterá seus
3.000 militares no Iraque.
Já o seu chefe de gabinete, Rocco Buttiglione, sugeriu a renúncia
do secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld.
"A principal diferença entre democracias e ditaduras é que nas
primeiras os que são politicamente responsáveis por desgraças deveriam renunciar, e os que as realizaram, ir para a prisão, enquanto nas ditaduras isso é permitido",
disse Buttiglione, segundo a agência de notícias italiana Ansa.
Com agências internacionais
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