DA REDAÇÃO

Mergulhados numa profunda crise financeira, os palestinos começaram ontem a sofrer desabastecimento de combustível, depois que a empresa israelense Dor Energy suspendeu o fornecimento por falta de pagamento.
Longas filas começaram a se formar em postos de gasolina palestinos da Cisjordânia e da faixa de Gaza e muitos provavelmente terão que fechar. A empresa israelense é responsável por todo o fornecimento de combustível para os territórios palestinos desde a assinatura dos acordos de paz, na década de 90.
O corte no fornecimento poderia provocar a paralisia de hospitais, suspender o transporte de alimentos e impedir o movimento de trabalhadores, tornando ainda mais sombrio um cenário econômico já marcado pela carência devido ao boicote iniciado por Israel EUA e UE após a vitória do Hamas nas eleições.
Mujahid Salame, chefe da autoridade palestina de petróleo, previu que as reservas de combustível só durariam até amanhã em muitas áreas. "Se isso acontecer, haverá uma crise humanitária", disse. A empresa israelense não fez comentários.
Na Cidade de Gaza, motoristas formaram longas filas nas bombas, antecipando o desabastecimento. Alguns postos limitaram a venda por pessoa. "Comprei mais do que preciso para garantir que poderei ira ao trabalho", disse Osama Shaban, 33, engenheiro que dirige 16 km para o trabalho diariamente.
O médico Moaiya Hassanain, do Ministério da Saúde palestino, alertou que os hospitais da região, que já sofrem com a falta de remédios, pararia de funcionar sem combustível. "Será um desastre para nós, médicos", disse Hassanain em Gaza, lembrando que as ambulâncias deixarão de circular e os funcionários dos hospitais não poderão trabalhar por falta de transporte.