São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2004

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GUERRA AO TERROR

Total de atentados foi "substancialmente" maior do que o divulgado para provar o sucesso da estratégia do país

EUA admitem erro em relatório sobre terror

DA ASSOCIATED PRESS, EM WASHINGTON

O Departamento de Estado dos EUA anunciou ontem que errou ao reportar uma redução mundial no terrorismo em seu relatório anual, quando, na realidade, tanto o número de incidentes quanto o total de vítimas aumentaram consideravelmente.
Funcionários do governo tinham usado os números anunciados em abril como prova de que a guerra ao terrorismo lançada pelo presidente George W. Bush estava funcionando.
O relatório disse que os ataques caíram para 190 no ano passado, o menor nível em 34 anos, e recuaram 45% desde 2001, primeiro ano de Bush no governo.
O secretário de Estado, Colin Powell, disse que os erros foram provocados pela adoção de novos procedimentos de coleta de dados, e não por manipulação.
O porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher, disse: "Recebemos dados incorretos e não os verificamos suficientemente. Nossos resultados preliminares indicam que os números relativos ao total de ataques e de mortos serão substancialmente maiores do que o divulgado".
"Foram cometidos erros, e, francamente, nós não os detectamos", disse Powell.
O deputado democrata Henry Waxman havia acusado o governo de manipular os dados do relatório para fins políticos.
Ele disse que enviou um pedido de explicações por escrito a Powell, mas afirmou não ter obtido resposta. Boucher declarou que a resposta estava sendo escrita e seria encaminhada.
O porta-voz de Powell disse que os erros foram detectados em maio, mas não explicou por que o governo silenciou a respeito.
Uma das declarações mais freqüentes de Bush em relação a sua política externa é que a estratégia de combate ao terrorismo adotada a partir de 11 de setembro de 2001 estaria mostrando resultados.
J. Cofer Black, que chefia o setor de contraterrorismo do Departamento de Estado, citou a ocorrência de apenas 190 atos de terrorismo em 2003 como "boa notícia" e previu que a tendência continuaria neste ano.
O vice-secretário de Estado, Richard Armitage, disse na época: "De fato, vocês encontrarão nestas páginas provas claras de que estamos vencendo a luta".
O gabinete de Armitage não respondeu a um pedido de esclarecimentos, em vista da revelação de que algumas das conclusões do relatório "Padrões do Terrorismo Global" foram imprecisas e subestimaram a realidade.


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