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Gaddafi é acusado de planejar a morte do príncipe regente saudita
DA REDAÇÃO
Os EUA, o Reino Unido e a Arábia Saudita estão investigando a
possível existência de um plano
patrocinado pelo ditador líbio,
Muammar Gaddafi, para assassinar o príncipe regente Abdullah,
líder de fato da Arábia Saudita.
O suposto complô foi revelado
por duas fontes: Abdurahman
Alamoudi, um americano muçulmano que fundou o Conselho Islâmico Americano e está detido
nos EUA acusado de violar a proibição a cidadãos do país de negociar com a Líbia, e Mohamed Ismael, um agente do serviço secreto líbio que foi preso pelo Egito.
Caso seja verdadeira a acusação,
o plano de assassinato teria sido
elaborado no ano passado, na
mesma época em que Gaddafi negociava com os EUA e o Reino
Unido o fim das sanções internacionais impostas a seu país por
praticar e apoiar o terrorismo.
Em Londres, em entrevista ao
"New York Times", Seif al Islam el
Gaddafi, filho do ditador líbio,
disse que a acusação é "nonsense". Em Trípoli, o chanceler Abdel-Rahman Shalqam também
rejeitou as afirmações: "É a repetição da velha conversa de que a Líbia tenta assassinar outras personalidades, que depois se prova falsa. O mundo conhece o papel da
Líbia no combate ao terrorismo e
ao extremismo. Nós não acreditamos na política da violência nem
no uso de violência contra pessoas e Estados".
Gaddafi e Abdullah tiveram um
ruidoso desentendimento público em uma cúpula árabe pouco
antes do início da Guerra do Iraque, em março de 2003. Os dois
trocaram insultos na reunião, um
acusando o outro de submissão às
potências ocidentais. Na ocasião,
Abdullah disse a Gaddafi: "Suas
mentiras o precedem, e seu túmulo está diante de você".
O acusador Alamoudi afirma
ter-se encontrado duas vezes com
Gaddafi, em junho e agosto de
2003, para combinar a morte de
Abdullah. De acordo com o "New
York Times", Alamoudi contou a
investigadores que, em sua conversa com Gaddafi, o ditador lhe
disse: "Eu quero o príncipe regente morto em um assassinato ou
em um golpe de Estado".
Mohamed Ismael, o agente do
serviço secreto líbio, diz que foi
preso no Egito após ter ido à Arábia Saudita para entregar US$ 1
milhão a quatro sauditas. De
acordo com o suposto esquema,
os quatro terroristas tentariam
atingir Abdullah com granadas-foguetes ou mísseis portáteis.
Reabilitação líbia
Em 1988, agentes líbios colocaram uma bomba em um jato comercial da Pan Am. O avião explodiu sobre Lockerbie (Escócia),
matando todos os 270 ocupantes.
Em 2003, Gaddafi concordou em
pagar uma indenização bilionária
às famílias das vítimas. No final
desse ano, também anunciou que
estava desmantelando o seu programa de fabricação de armas de
destruição em massa.
Como resultado, foram dados
passos para a volta da Líbia à comunidade internacional. Os premiês Tony Blair (Reino Unido) e
Silvio Berlusconi (Itália) e o então
premiê espanhol, José María Aznar, tiveram encontros com Gaddafi. Em fevereiro, os EUA voltaram a permitir a viagem de cidadãos americanos à Líbia e, em
abril, tomaram medidas para a
restauração de laços comerciais
com o país. No entanto os EUA
ainda mantêm a Líbia em sua lista
de nações patrocinadoras do terrorismo, enquanto investiga a
possível existência de vínculos residuais com grupos militantes.
A acusação de agora pode provocar um retrocesso na normalização das relações com o país.
"Conhecemos o passado da Líbia
no que tange ao terrorismo. Gaddafi prometeu terminar os laços
com o terrorismo e cooperar conosco e com nossos aliados. Continuamos a monitorar cuidadosamente a adesão da Líbia à sua promessa", disse Sean McCormack,
porta-voz da Casa Branca.
Com agências internacionais e "The New
York Times"
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