São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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MULTIMÍDIA

The New York Times - de Nova York

Premiê iraquiano "bane" más notícias

EUA - Leia o editorial de ontem do "New York Times" sobre a censura à Al Jazira no Iraque.

Como premiê interino, Ayad Allawi deveria estar guiando o Iraque em direção a eleições democráticas. Porém, em suas primeiras seis semanas, ele começou a apresentar a mesma mentalidade autoritária que tem asfixiado a democracia em muitos países vizinhos.
Seu último alvo é a Al Jazira, TV cujo noticiário, por vezes sensacionalista, é a principal fonte de informação não censurada para o mundo árabe.

Interromper o noticiário da Al Jazira não irá pôr um freio na violência que tem destruído o Iraque. Mas pode livrar o premiê Allawi do constrangimento de tornar essa violência tão visível

Alegando que a cobertura extensiva da Al Jazira sobre seqüestros e outros crimes encoraja a continuação da violência, a polícia de Allawi fechou a agência da rede em Bagdá no sábado por pelo menos 30 dias. O escritório só poderá reabrir se a Al Jazira concordar em mudar sua política.
Interromper o noticiário da Al Jazira não irá pôr um freio na violência que tem destruído o Iraque nos últimos 16 meses. Mas pode livrar Allawi do constrangimento de tornar essa violência tão visível para uma audiência internacional. Pode, ainda, dar a seu governo mais liberdade para cometer abusos de direitos humanos e perseguir vinganças políticas pessoais em nome da restauração da lei e da ordem.
A cobertura profissional, provocativa e partidária da Al Jazira não tem paralelo exato nos EUA, em parte porque o contexto jornalístico em que ela opera felizmente não tem paralelo aqui. Antes que a rede começasse a operar, em 1996, telespectadores árabes estavam limitados a transmissões estatais enfadonhas e desinformativas. Agora, dezenas de milhões de pessoas no mundo árabe vêem notícias que seus governos teriam gostado de silenciar.
Isso pôs a Al Jazira em conflito com governos árabes autoritários repetidas vezes -um precedente que Allawi não deveria estar tão ávido em seguir. A rede também atraiu críticas de funcionários americanos, como o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, por seu tom estridentemente nacionalista e pelos detalhes sangrentos na sua cobertura da guerra.
Mais sensibilidade e menos estridência por parte da Al Jazira seriam certamente bem-vindos. Mas, no conjunto, ela tem sido uma força de mudança saudável e crucial. Com freqüência, ela sustenta praticamente sozinha a apresentação para o público de ações de governos antes não transparentes e o encorajamento de um debate mais amplo.
O governo de Allawi deveria estar apontando a direção para um Iraque mais democrático em um Oriente Médio mais democrático. Ao se mover contra a Al Jazira, está fazendo justo o contrário.


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