São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA

Porter Goss, republicano que preside a comissão de inteligência da Câmara, comandará agência; democratas criticam escolha

Bush nomeia novo diretor para CIA em crise

DA REDAÇÃO

Em meio à crise de credibilidade devido a falhas relacionadas à campanha do Iraque e ao 11 de Setembro, o presidente dos EUA, George W. Bush, nomeou ontem o congressista republicano Porter Goss, 65, como novo diretor-geral da CIA (serviço de inteligência).
Para o presidente americano, Goss, que preside a comissão de inteligência da Câmara de Deputados, é "o homem certo para conduzir essa importante agência neste momento crítico", no qual, além da crise da agência, os EUA enfrentam alertas de ataques terroristas e discutem reformas na inteligência propostas pela comissão bipartidária que investiga o 11 de Setembro.
Não está claro quanta autoridade o novo chefe da CIA deterá, nem por quanto tempo permaneceria no cargo caso Bush perdesse as eleições presidenciais do próximo dia 2 de novembro para o candidato democrata, John Kerry.
Democratas questionam se Goss, deputado da Flórida, não seria muito comprometido com o Partido Republicano para assumir a posição de diretor-geral da CIA. O Estado que ele representa é o mesmo onde algumas centenas de votos foram decisivos na eleição de 2000, dando a Bush a vitória sobre Al Gore após decisões judiciais e inúmeras recontagens.
"[A nomeação] é a pior da história. (...) Colocar alguém tão ligado ao partido nesse cargo diminuirá a confiança pública na inteligência", declarou Stansfield Turner, diretor da CIA na gestão do ex-presidente democrata Jimmy Carter (1977-81).
Mas, apesar das críticas, a oposição aparentemente não pretende barrar o nome de Goss, conhecido pela longa experiência e pelo jeito afável, no Senado, que tem de ratificar a nomeação.
A rápida escolha do novo diretor é um aparente esforço de Bush para conter as críticas democratas sobre seus assessores de segurança nacional e controlar a agenda de revisão dos serviços de inteligência. Nomeando Goss, o presidente também rejeitou os conselhos para manter John McLaughlin no cargo até pelo menos após as eleições. McLaughlin era o diretor interino da CIA desde que George Tenet deixou o posto em julho último por "razões pessoais".
O deputado tem boas credenciais para sua nomeação ser confirmada: muitos aliados na agência e grande experiência como ex-funcionário da CIA e da inteligência das Forças Armadas.
"Foi uma escolha carregada politicamente. E Bush está apostando que pode fazer política melhor que os democratas", disse Michael O'Hanlon, analista de segurança nacional do Instituto Brookings.
"Segurança doméstica e a guerra ao terror são as principais -e para alguns, as únicas- vantagens de Bush. Ele não quer arriscar essas vantagens", disse David Rohde, cientista político da Universidade de Michigan.
Mesmo assim, Bush enfrentará riscos ao dar espaço para os democratas debaterem no Senado a guerra contra o terror, a ocupação do Iraque e as falhas do serviço de inteligência, consideradas questões cruciais para a eleição do presidente americano.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Mídia: Juiz dos EUA manda prender repórter que oculta fonte
Próximo Texto: Terror: Líbia paga nova compensação por atentado
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.