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EUA acionam alerta vermelho aéreo
Medida é adotada pela primeira vez desde o 11 de Setembro; Bush diz que país está em guerra contra "fascistas islâmicos"
Aviso vale para vôos vindos do Reino Unido; para o presidente, prisões provam que EUA ainda não estão "completamente seguros"
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O suposto plano terrorista
interrompido pela polícia britânica na madrugada de ontem
fez com que os EUA acionassem seu alerta vermelho ("severo") aéreo pela primeira vez
desde o ataque de 11 de Setembro. O aviso valia apenas para
os vôos vindos do Reino Unido
e envolve procedimentos de segurança mais rigorosos. Os outros vôos foram elevados para
alerta laranja ("alto"), o segundo mais grave. O sistema de cinco cores foi criado logo após os
ataques de 2001.
"As recentes prisões das
quais os nossos cidadãos estão
tomando conhecimento agora
são um lembrete cru de que essa nação está em guerra com os
fascistas islâmicos, que usarão
qualquer meio para destruir
aqueles de nós que amam a liberdade, para ferir nossa nação", disse George W. Bush, no
Estado do Wisconsin, onde
participaria de comício.
A expressão "fascismo islâmico" tem sido usada com freqüência por neoconservadores
e liberais que apóiam a "guerra
ao terror" de Bush. Para eles, o
mundo vive um confronto entre o "Ocidente democrático" e
um fundamentalismo islâmico
que representaria o "totalitarismo do século 21".
"Mais seguro"
O presidente norte-americano afirmou que o país estava
mais seguro do que antes de 11
de Setembro, mas que "obviamente" ainda não estava "completamente seguro". "É um erro achar que não há ameaça aos
EUA." Segundo o porta-voz da
Casa Branca, Tony Snow, Bush
estava informado desde domingo da existência do plano.
Chegou a manter uma teleconferência de 47 minutos com o
primeiro-ministro britânico,
Tony Blair, em seu rancho em
Crawford, no Texas, onde passa
férias de dez dias.
"A cooperação nessa empreitada foi excelente", disse o presidente. "A cooperação entre as
autoridades do Reino Unido e
dos EUA foi firme. E a cooperação entre as agências de nosso
governo foi excelente."
O presidente respondia assim a críticas que sofre desde o
ataque de 2001, de que as diversas agências de inteligência
norte-americanas têm ações
conflitantes e não conversam
entre si. Desde que assumiu seu
segundo mandato, Bush tenta
implantar um plano de unificar
o fluxo de informações sob
John D. Negroponte, diretor de
inteligência nacional.
A iniciativa tem sofrido críticas dos democratas e dos próprios diretores das dezenas de
agências, que temem perder
poder ao responder a alguém
entre eles e Bush. "Em termos
de inteligência, estamos em
2002, não em 2006", disse uma
representante (equivalente local a deputada federal) democrata da Califórnia, que faz parte do Comitê de Segurança Nacional do Congresso, antes dos
eventos de ontem. É possível
que Bush use o sucesso em
frustar o suposto plano como
cartão de visita para a sua reformulação.
"Não há indicação atualmente de que houvesse um plano
dentro dos EUA; ainda assim,
como precaução, o governo federal está tomando medidas
imediatas para aumentar o nível de segurança em relação à
aviação", disse o secretário norte-americano de Segurança Nacional, Michael Chertoff.
Os governadores da Califórnia e de Massachusetts mandaram a Guarda Nacional para os
principais aeroportos de seus
Estados.
Reação muçulmana
Grupos muçulmanos dos
EUA criticaram Bush pelo uso
da expressão "fascistas islâmicos", afirmando que o uso de tal
vocabulário poderia inflamar
tensões. "Esse é um termo imprudente", disse Nihad Awad,
diretor-executivo do Conselho
de Relações Americano-Islâmicas, em Washington.
Para Awad, as autoridades
americanas deveriam seguir o
exemplos de seus pares britânicos, que evitaram usar "termos
infamatórios".
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