|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mídia árabe manteve o foco na ofensiva israelense no Líbano
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A DAMASCO
Enquanto as grandes redes
de TV ocidentais como BBC e
CNN dedicavam o dia a coberturas extensas da suposta tentativa frustrada de atentado em
Londres, a mídia árabe manteve o foco na ofensiva israelense
no Líbano. A TV síria chegou ao
requinte de simplesmente ignorar o assunto em seu jornal
principal, exibido às 20h.
Em meia hora de noticiário,
nada menos do que 100% das
reportagens foram dedicadas à
guerra entre Hizbollah e Israel,
sem poupar adjetivos a favor da
"resistência libanesa" e de condenação às "atrocidades cometidas pelo Estado judeu". Um
grande espaço foi ocupado pelo
presidente do Irã, Mahmoud
Ahmadinejad, que criticou a
"indiferença" do Ocidente em
relação aos "crimes"cometidos
por Israel no Líbano. Sobre o
caos no aeroporto de Londres,
nem uma palavra.
No resto do dia, a TV síria
manteve sua programação dos
últimos dias, na qual combina
noticiários repletos de ataques
a Israel e clipes parecidos com
os da TV do Hizbollah, a Al Manar, em que corpos despedaçados por ataques aéreos e cenas
de combatentes são exibidos
com música heróica ao fundo.
As demais redes árabes sintonizadas na Síria seguiram a
linha da TV local, com graus
maiores ou menores de engajamento. A Al Jazira noticiou
com sobriedade o suposto plano terrorista frustrado em Londres e o pronunciamento de
George W. Bush denunciando
"fascistas islâmicos", mas manteve os ataques israelenses a
Beirute e ao vale do Bekaa como sua principal notícia. A Al
Arabyia também tratou Londres como notícia menor.
Acusado por Israel e pelos
EUA de fornecer armas ao Hizbollah, o regime sírio não esconde o apoio ao grupo xiita.
Ele está em cada esquina das
ruas da capital, Damasco, onde
os tradicionais murais de Hafez
Assad e de seu filho, o atual ditador Bashar, agora se misturam às fotos de Hassan Nasrallah. Camisas com a imagem do
xeque são vendidas em todos os
tamanhos, assim como DVDs
com seus discursos e imagens
de combatentes do Hizbollah.
Texto Anterior: Brasil mantém vôos para EUA e Reino Unido Próximo Texto: Especialista defende restrição a direitos civis Índice
|