São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2006

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Mídia árabe manteve o foco na ofensiva israelense no Líbano

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A DAMASCO

Enquanto as grandes redes de TV ocidentais como BBC e CNN dedicavam o dia a coberturas extensas da suposta tentativa frustrada de atentado em Londres, a mídia árabe manteve o foco na ofensiva israelense no Líbano. A TV síria chegou ao requinte de simplesmente ignorar o assunto em seu jornal principal, exibido às 20h.
Em meia hora de noticiário, nada menos do que 100% das reportagens foram dedicadas à guerra entre Hizbollah e Israel, sem poupar adjetivos a favor da "resistência libanesa" e de condenação às "atrocidades cometidas pelo Estado judeu". Um grande espaço foi ocupado pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que criticou a "indiferença" do Ocidente em relação aos "crimes"cometidos por Israel no Líbano. Sobre o caos no aeroporto de Londres, nem uma palavra.
No resto do dia, a TV síria manteve sua programação dos últimos dias, na qual combina noticiários repletos de ataques a Israel e clipes parecidos com os da TV do Hizbollah, a Al Manar, em que corpos despedaçados por ataques aéreos e cenas de combatentes são exibidos com música heróica ao fundo.
As demais redes árabes sintonizadas na Síria seguiram a linha da TV local, com graus maiores ou menores de engajamento. A Al Jazira noticiou com sobriedade o suposto plano terrorista frustrado em Londres e o pronunciamento de George W. Bush denunciando "fascistas islâmicos", mas manteve os ataques israelenses a Beirute e ao vale do Bekaa como sua principal notícia. A Al Arabyia também tratou Londres como notícia menor.
Acusado por Israel e pelos EUA de fornecer armas ao Hizbollah, o regime sírio não esconde o apoio ao grupo xiita. Ele está em cada esquina das ruas da capital, Damasco, onde os tradicionais murais de Hafez Assad e de seu filho, o atual ditador Bashar, agora se misturam às fotos de Hassan Nasrallah. Camisas com a imagem do xeque são vendidas em todos os tamanhos, assim como DVDs com seus discursos e imagens de combatentes do Hizbollah.


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