São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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DE NOVO, A CRISE

EUA já vivem sua 'meia década perdida'

Indicadores de renda per capita, Bolsa de Valores e construção estão no mesmo nível de pelo menos 5 anos atrás

É como se os cidadãos americanos tivessem parado num tempo em que Ronaldo era o atacante da seleção

DE NOVA YORK

A crise de 2008 e a fraca retomada a partir de 2009 fizeram com que a economia americana, em vários setores, esteja hoje no patamar de ao menos cinco anos atrás. Ou seja, os EUA já estão com meia década perdida.
É como se os americanos estivessem parados em um tempo em que a seleção brasileira tinha Ronaldo no ataque, "Harry Potter" ainda tinha muitos filmes para queimar e Lady Gaga era apenas uma iniciante.
O PIB per capita de um americano, por exemplo, está no patamar de 2005 e praticamente estagnado nos últimos trimestres. A renda disponível (aquela que exclui os tributos) vive situação parecida, com valores semelhantes aos de 2006.
O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, referência na criação de riqueza, está hoje também com dados parecidos aos que eram vistos em 2005, especialmente depois do profundo recuo dos últimos dias.
Essa "estagnação" é resultado da forte recessão que durou de 2007 a 2009, mas a retomada que se seguiu também é atípica. "A expansão que temos visto é, sem dúvida, muito mais fraca do que vimos em recessões anteriores", afirma Michael Mussa, ex-economista-chefe do FMI.
Vários indicadores mostram que a maior economia mundial está muito longe do nível pré-crise. A utilização da capacidade instalada da indústria está em 77%, mas superava os 80% em 2007.
O setor de construção, onde a crise teve início e cuja recuperação é considerada fundamental para que a retomada do restante da economia pegue força, não dá nenhum sinal de melhora.
Para Mussa, essa lenta recuperação dos EUA é "herança" da política de baixar os juros no início da década passada, que criou uma "riqueza artificial", com os preços das casas disparando até 2005. Isso fez muita gente aproveitar o momento e se endividar. O economista afirma que os próximos anos também deverão registrar crescimento baixo.
Porém ele diz que a situação dos EUA não pode ser comparada com a do Japão, que tem baixo crescimento desde os anos 1990. Um dos motivos é que a força de trabalho nos EUA vai continuar a crescer, enquanto os japoneses têm uma população envelhecida.
(ÁLVARO FAGUNDES)


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