DA REDAÇÃO

Uma corte da Indonésia condenou à morte ontem o principal responsável pelo atentado ocorrido em Bali, em outubro passado, que matou 202 pessoas (turistas estrangeiros em sua maioria), num caso muito observado pelo Ocidente. Este queria determinar a capacidade do governo e da Justiça da Indonésia de combater o terrorismo islâmico.
A sentença imposta a Imam Samudra, 33, que não expressou arrependimento por seus atos e atacou os EUA e a Austrália antes de deixar a corte, foi a segunda pena de morte imposta aos acusados de ter cometido o ataque a uma boate em Bali. O atentado foi realizado, segundo autoridades indonésias, pelo grupo Jemaah Islamyia.
"O réu trabalhou nos bastidores como coordenador [da ação terrorista]. Os juízes pensam, portanto, que o réu foi o autor intelectual das explosões", disse o juiz Isa Sudewi, um dos que conduziram o julgamento de Samudra.
Na semana passada, uma corte indonésia condenou o clérigo muçulmano Abu Bakar Bashir, considerado pela Promotoria o líder espiritual do Jemaah Islamyia, a quatro anos de prisão. O veredicto gerou críticas no Ocidente, pois se esperava que ele pegasse uma pena mais longa.
O atentado em Bali foi o pior ato terrorista desde o 11 de Setembro. Houve algumas explosões, mas a ação foi bem organizada, "constituindo só um atentado", ainda de acordo com os juízes.
No início de agosto, a Justiça da Indonésia também condenou à morte Amrozi bin Nuhasyim, 41, por conta de seu envolvimento no atentado em Bali -ilha que é um encrave hindu no mais populoso país muçulmano do planeta.
Antes do anúncio da sentença, Samudra disse que a perspectiva de ser condenado à morte era "bem-vinda". Ao ouvir a sentença, ele levantou o braço e gritou: "Deus é o maior". Ao passar por um australiano (que tinha uma bandeira de seu país adornada com fotografias dos 88 australianos mortos no atentado em Bali), exclamou: "A América e a Austrália devem ir para o inferno!".