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São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Filho mais velho e segurança morrem, mas líder escapa; grupo diz que atacará prédios, e Israel promete mais ações

Israel bombardeia casa de líder do Hamas

DA REDAÇÃO

Jatos militares israelenses bombardearam ontem a casa de um líder do grupo terrorista palestino Hamas em Gaza, matando seu filho mais velho e um guarda-costas, em retaliação aos dois atentados suicidas de anteontem, que deixaram 15 mortos.
Já o premiê palestino indicado, Ahmed Korei, anunciou a formação de um governo de crise para preencher o vácuo de poder nos territórios sob controle palestino e tentar evitar represálias ainda mais duras de Israel.
O premiê israelense, Ariel Sharon, que encurtou uma viagem oficial à Índia, participará de reuniões de emergência hoje quando serão consideradas novas medidas contra os terroristas, entre elas o exílio de Iasser Arafat, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina).
Fontes israelenses que acompanham o premiê disseram que a retaliação aos ataques será dura e deve ocorrer neste fim de semana. Sharon disse que seu país "fará o que for necessário para acabar com o terror". Outro assessor disse que Arafat era o maior obstáculo ao processo de paz.
Durante a madrugada de hoje, escavadeiras e jipes blindados do Exército israelense entraram em um acampamento de refugiados em Rafah, sul da Faixa de Gaza, e destruíram 15 casas.
O Exército também entrou em Ramallah (Cisjordânia) e ordenou que fosse esvaziada a casa de Mohammed Maslah Abou Salha, membro do grupo terrorista Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligado ao movimento Fatah, liderado por Arafat. Salha está preso em Israel.
O Hamas, principal grupo terrorista palestino, assumiu a responsabilidade pelos atentados de anteontem e disse que começará a atacar casas e edifícios israelenses em resposta ao bombardeio ontem da residência de seu líder Mahmoud Zahar. "O inimigo colherá o que plantou", disse o grupo em nota.
Uma bomba de meia tonelada destruiu a casa em Gaza, ferindo 25 pessoas, entre elas Zahar, sua mulher e uma de suas filhas. Elas estariam em estado grave.
No fim de semana passado, Sharon havia dito que todos os líderes do Hamas estavam "marcados para morrer".
O presidente dos EUA, George W. Bush, principal patrocinador do novo plano de paz, disse que ele não poderia ser abandonada apesar dos atentados. "O plano de paz ainda está lá. A questão fundamental é se haverá pessoas comprometidas com a paz", disse, na Casa Branca.
Ele pressionou o novo premiê palestino a reprimir os terroristas. "Seu trabalho será o de assumir o controle sobre as forças de segurança, todas as forças, e então lançá-las contra os assassinos. Se isso acontecer, haverá progresso", afirmou o presidente americano.
"Peço aos EUA, tenham piedade da população palestina e ajude-a a colocar fim à ocupação [israelense]", disse Korei.
Ontem, um porta-voz das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa disse que estava por trás do atentado diante da base militar israelense perto de Tel Aviv. A admissão poderia abrir caminho para uma ação contra Arafat.
Anteontem, explosão de um suicida em um ponto de ônibus de base militar perto de Tel Aviv matou oito soldados. Horas depois, um segundo atentado num café popular em Jerusalém matou seis pessoas.
Após os atentados, Israel disse que dará seguimento a sua "guerra total" contra os líderes do Hamas, iniciada após um atentado em Jerusalém que matou 22 pessoas em 19 de agosto.
Nas últimas três semanas, 13 membros do grupo foram mortos por mísseis israelenses disparados de aeronaves. Seis cidadãos comuns morreram nos ataques.
O bombardeio à casa do líder do Hamas foi realizado por aviões de combate. "Esse crime apenas irá intensificar o processo de resistência", disse Zahar, 58, da cama de um hospital protegido por três seguranças. Ele foi ferido sem gravidade, na cabeça e nas costas.


Com agências internacionais

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