Entidade, controlada pela ONU, não informa número de votos cancelados

Cédulas descartadas são de regiões em que presidente é favorito; entre os indícios de fraude há urnas com mais que os 600 votos que cabem

DA REDAÇÃO

A Comissão Eleitoral de Apelações (CEA) anulou ontem os votos de 83 urnas das eleições presidenciais do Afeganistão. A decisão da comissão, controlada principalmente pela ONU, marca o começo do longo processo de investigação de fraudes e que pode, em tese, ameaçar a vitória no primeiro turno do presidente afegão e candidato à reeleição, Hamid Karzai.
Não foi revelado quantos votos foram invalidados, nem se isso já pode mudar a perspectiva que se desenha de não haver segunda votação.
Pela última parcial da Comissão Eleitoral Independente (CEI), com 91,6% dos votos apurados, Karzai tem 54,1%, o que evitaria segundo turno. Seu principal concorrente, Abdullah Abdullah, aparece com 28,3%. Projeções a partir de dados da CEI indicam que Karzai está a cerca de 200 mil votos de se reeleger no primeiro turno.
As urnas invalidadas estavam nas três Províncias no sul do país onde a apuração está mais atrasada. Em Ghazni, Paktika e Candahar, áreas de maioria étnica pashtun (pró-Karzai), o presidente afegão apresenta respectivamente 42,4%, 91,9% e 87,7%.
Segundo a CEA, foram encontrados vários indícios de fraude, como cédulas não dobradas (que não passam pela fenda da urna), votos creditados para candidatos errados e eleitores com registro falso.
Na terça-feira, a CEA ordenara a recontagem das seções com mais de 95% dos votos no mesmo candidato ou com mais votos que eleitores.
Com isso, o processo deve atrasar em até três meses a divulgação do resultado final do pleito. A CEI afirmou ainda já ter colocado sob "quarentena" cerca de 600 dos mais de 25 mil postos por suspeita de fraudes. No domingo, o órgão já havia anulado os votos de 447 seções eleitorais por fraudes.
Observadores americanos constataram que em várias seções o número de votos excedia o de eleitores. Em outros casos, foram encontradas urnas provenientes de mais de 800 seções eleitorais falsas e outras urnas com mais de 600 votos -limite máximo que cada unidade comporta.

Com agências internacionais

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