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Nova líder é vista como "pragmática"
DA REUTERS, EM BERLIM
Não foi tão fácil quanto ela esperava, mas Angela Merkel, a tímida filha de um pastor criada no
lado oriental, ex-comunista, da
Alemanha finalmente coroou sua
ascensão improvável ao cargo
mais alto da política nacional e vai
se tornar a primeira mulher a
ocupar a Chancelaria da Alemanha.
Um mês atrás, Merkel e seu partido, a União Democrata Cristã
(CDU), lideravam as pesquisas de
intenção de voto, tanto assim que
a expectativa geral era que derrotassem sem dificuldade o Partido
Social-Democrata (SPD), do
chanceler Gerhard Schröder.
Mas a vitória decepcionantemente pequena do partido de
Merkel, após uma campanha largamente criticada, condenou seus
planos econômicos ambiciosos e
a obrigou a combater Schröder
pelo cargo principal.
Manter unidas as diversas facções rivais e instituir reformas
que, segundo economistas, são
cruciais para o país será um desafio grande -que será dificultado
por sua campanha vacilante e o
fato de o SPD ter conseguido ficar
com o Ministério das Finanças,
uma pasta-chave no governo que
Merkel vai chefiar.
Na semana passada, o semanário alemão "Die Zeit" dizia que,
"se Merkel quiser ser primeira-ministra, não bastará derrotar
Schröder. Ela também terá que
conquistar a população".
Há 16 anos, quando o Muro de
Berlim caiu e Merkel, 51, iniciou
sua ascensão meteórica na CDU
do então chanceler Helmut Kohl,
poucas pessoas teriam previsto
que a ex-cientista desajeitada e
modesta conseguiria chegar tão
longe quanto chegou.
Mas sua mente analítica inteligente, o dom de estar no lugar
certo no momento certo e sua disposição intransigente para relegar
seus rivais ao segundo plano a impulsionaram para a liderança de
seu partido, dominado por homens, colocando-a na posição
própria para tornar-se a oitava líder da Alemanha no pós-guerra.
Protetora de sua privacidade a
qualquer custo, Merkel nasceu
em 17 de julho de 1954 em Hamburgo, na Alemanha Ocidental,
mas sua família se mudou para o
lado oriental quando ela era bebê.
Como filha de um pastor protestante num Estado comunista
em que a religião organizada era
vista com desconfiança, Merkel
foi aconselhada desde cedo por
seus pais a manter postura discreta e sempre agir de maneira irrepreensível. Falando de sua infância, Merkel comentou: "Tudo
sempre foi uma batalha -uma
batalha para não chamar a atenção, uma batalha para ser um
pouco melhor do que os outros".
Essas experiências moldaram
Merkel, casada com um professor
de química de Berlim e sem filhos,
transformando-a numa política
pé-no-chão e, para alguns, implacável. Ela precisará da praticidade
e da resistência quando tomar as
rédeas de uma "grande coalizão"
potencialmente explosiva, na qual
seus aliados conservadores terão
de dividir o poder com o SPD, de
Schröder. O SPD e rivais de sua
própria CDU estarão ansiosos por
vê-la fracassar.
Tradução de Clara Allain
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