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Ordem de 2004 autoriza ataques secretos dos EUA
Texto prevê ações em países como Síria e Paquistão
ERIC SCHMITT
MARK MAZZETTI
DO "NEW YORK TIMES"
Altos funcionários americanos revelaram que, desde 2004,
as Forças Armadas dos EUA
usaram uma autorização secreta de amplo alcance para lançar
quase uma dúzia de ataques até
agora não revelados contra a Al
Qaeda e militantes na Síria, no
Paquistão e outros países.
Esses ataques foram autorizados por uma ordem sigilosa
assinada pelo então secretário
da Defesa, Donald H. Rumsfeld,
com a aprovação do presidente
Bush. Os militares foram autorizados a atacar a rede terrorista em qualquer lugar do mundo, num mandato mais abrangente para conduzir operações
em países que não estão oficialmente em guerra com os EUA.
Algumas das missões militares foram conduzidas em coordenação estreita com a CIA
(Agência Central de Inteligência). Em outras, como o ataque
em território sírio em 26 de outubro, os comandos militares
agiram dando apoio a operações dirigidas pela própria CIA.
Mas, segundo altos funcionários militares, até uma dúzia de
outras operações foram canceladas. Nesses casos, as missões
foram consideradas arriscadas
demais, demasiado explosivas
em termos diplomáticos ou baseadas em poucas provas.
Os funcionários negaram-se
a descrever em detalhes os ataques até agora mantidos em segredo, segundo eles quase uma
dúzia, exceto para dizer que foram lançados na Síria, no Paquistão e outros países. Eles
disseram que não houve ataques ao Irã usando o decreto,
mas sugeriram que forças americanas tenham feito missões
de reconhecimento no país.
A ordem identifica entre 15 e
20 países -incluindo Síria, Paquistão, Iêmen, Arábia Saudita
e outros Estados do golfo Pérsico- onde se acreditava que militantes da Al Qaeda operassem
ou estivessem abrigados.
Mesmo com a diretiva, cada
missão específica precisa de
aprovação dos altos escalões do
governo. Alvos na Somália, por
exemplo, precisam ser aprovados pelo menos pelo secretário
da Defesa, e alvos em alguns
outros países, incluindo Paquistão e Síria, pelo presidente.
Protesto sírio
Ex-funcionários militares e
da inteligência disseram que o
general Stanley A. McChrystal,
que há pouco deixou a direção
do Comando Conjunto de Operações Especiais, pressionou
durante anos para obter aprovação para missões no Paquistão. Mas as missões eram rejeitadas por incorrerem em riscos
demais às tropas americanas e
à aliança com Islamabad.
O ataque recente na Síria não
foi o primeiro no país, segundo
um alto oficial militar e assessor externo do Pentágono. Desde que a guerra no Iraque começou, já teriam sido lançados
vários ataques em território sírio contra militantes e a infra-estrutura que ajuda o fluxo de
combatentes estrangeiros.
Mas o ataque do final de outubro foi muito mais evidente
que missões anteriores, disseram militares, o que ajuda a explicar porque provocou protestos fortes do governo sírio.
As negociações para a redação da ordem levaram quase
um ano e envolveram discussões entre o Pentágono, a CIA e
o Departamento de Estado sobre o papel das forças militares
americanas no mundo, disseram funcionários do governo.
Eles revelaram que se discutiu
a inclusão do Irã, mas o país ficou de fora, possivelmente para
entrar em outra autorização.
Funcionários disseram que a
ordem de 2004 fundamentou
as ordens aprovadas por Bush
em julho, autorizando os militares a lançar ataques em áreas
tribais do Paquistão, incluindo
a operação de 3 de setembro
que matou cerca de 20 militantes. A Casa Branca não quis comentar oficialmente a ordem.
Tradução de CLARA ALLAIN
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