São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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NARCOTRÁFICO
Governo americano diz que pacote de US$ 1,6 bi, que inclui outros 3 países, visa combater traficantes
EUA anunciam ajuda militar à Colômbia

das agências internacionais


e do "The New York Times"

O governo dos EUA anunciou ontem um pacote de ajuda econômica e militar no valor de US$ 1,6 bilhão para combater o narcotráfico em quatro países sul-americanos: Colômbia, Peru, Bolívia e Equador.
A maior parte da ajuda, US$ 1,28 bilhão, será destinada à Colômbia. Apesar do caráter emergencial, a quantia será liberada nos próximos dois anos.
Segundo um alto funcionário do governo americano, citado pelo jornal "The New York Times", "o presidente acredita que ajudar a Colômbia a enfrentar a ameaça do narcotráfico é do interesse dos EUA. Dada a determinação dos narcotraficantes em solapar o governo de Bogotá, trata-se claramente de uma situação que justifica a concessão de ajuda".
O dinheiro seria destinado ao combate ao narcotráfico, mas também ajudaria o governo colombiano no combate aos grupos guerrilheiros que atuam no país. A guerrilha colombiana é uma das que existem há mais tempo na América Latina. Ela já se enredou com o narcotráfico.
A maior parte do pacote se destina a equipamentos militares, para fortalecer as forças colombianas no combate aos narcotraficantes. O pacote também visa financiar o fortalecimento do sistema judiciário colombiano e ajudar a população deslocada pela guerra civil, num momento em que a economia colombiana passa por sua pior fase em décadas.
A maior parte do dinheiro estaria sob a direção do Departamento de Estado, e não do Pentágono.
Embora, pela proposta, 10% da verba ficaria com o Pentágono, existe a preocupação de que um programa de tais dimensões amplie o envolvimento militar dos EUA na conflito.
"É preciso indagar se esse pacote de ajuda não representa mais um programa mal velado de contra-insurgência, programa esse que vai aprofundar o envolvimento dos EUA nessa guerra suja", disse Carlos Salinas, da Anistia Internacional.

Apoio a Pastrana
O novo pacote financia três programas gerais. O Pentágono deve receber US$ 144 milhões para ajudar a treinar dois batalhões adicionais voltados ao combate ao narcotráfico. Eles iniciariam suas operações no sul da Colômbia e melhorariam o rastreamento dos traficantes, com novos rádios e outros equipamentos.
A parte maior do pacote seria destinada à compra de helicópteros militares para ajudar a combater o narcotráfico.
A administração vem estudando a questão colombiana desde o ano passado, quando o presidente colombiano, Andrés Pastrana, em discurso na Assembléia Geral da ONU, traçou uma estratégia de US$ 7,5 bilhões para resolver a crise do país.
O plano elaborado pelo presidente Bill Clinton responde a muitas das solicitações incluídas no "plano Colômbia" de Pastrana e visa deixar claro que, em seu último ano no cargo, Clinton vê a Colômbia como prioridade da política externa americana.

Interesse dos EUA
A Colômbia foi contemplada com US$ 300 milhões no orçamento deste ano, fazendo dela a terceira maior destinatária de ajuda americana, depois de Israel e do Egito. Com o dinheiro já destinado à Colômbia, o pacote completo de dois anos ao país totalizaria US$ 1,6 bilhão.
"Os EUA têm um profundo interesse no êxito do plano de paz e desenvolvimento do presidente Pastrana", afirmou ontem a secretária de Estado norte-americana, Madeleine Albright.
Um dos maiores proponentes da ajuda adicional à Colômbia é o general Barry McCaffrey, diretor do Escritório de Política Nacional de Controle de Drogas.
Em visita que fez à Colômbia no verão passado, McCaffrey disse que o país vivia uma "situação de emergência", que a distinção entre guerrilheiros e narcotraficantes já se tornara irrelevante e que as forças armadas nacionais, mal equipadas e treinadas, precisavam de ajuda imediata.


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