São Paulo, terça-feira, 12 de janeiro de 2010

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Apoio afegão a tropas dos EUA cresce sob Obama

DA REDAÇÃO

Além de um aumento generalizado da confiança dos afegãos no futuro, o primeiro ano do governo de Barack Obama contabilizou crescimento do apoio local aos EUA e a seu esforço no Afeganistão -após três anos de queda contínua-, segundo pesquisa da rede ABC, da BBC e da TV alemã ARD divulgada ontem.
Atualmente, 68% dos afegãos apoiam a presença dos EUA no país, contra 63% há um ano. Outros 38% avaliam positivamente a ação dos EUA -aumento de seis pontos em relação a um ano atrás.
Um dos motivos para o forte apoio à presença das tropas, que contrasta com a pouca avaliação positiva, é a forte rejeição à possível alternativa: o retorno do Taleban. Apenas 6% dos afegãos dizem que prefeririam ser governados pelo grupo islâmico radical do que viver no sistema atual, construído com a ajuda de Washington. E 83% avaliam que os EUA acertaram ao invadir o país para derrubar o regime em 2001.
O levantamento encontrou também importante queda na atribuição da culpa pela violência local às forças que lutam contra os extremistas. De 36% há um ano, caiu para 17% o número de afegãos que culpam os EUA, a Otan (aliança militar ocidental) e mesmo o Exército afegão pela violência. Por outro lado, 42% dizem crer que o responsável pela violência é o Taleban -há um ano, apenas 27% manifestavam essa opinião.
Mas as cifras não refletem baixa na violência; ao contrário, a intensificação do conflito vem preocupando mesmo os que apoiam o aumento anunciado por Obama no número de tropas no país. Enquanto a pesquisa era divulgada ontem, seis soldados ocidentais -três deles americanos- morriam no Afeganistão, no dia mais sangrento para tropas da Otan em cerca de dois meses.
Além disso, as altas não foram suficientes para recuperar quedas observadas desde 2005, quando a pesquisa anual começou a ser feita, ainda sob o governo de George W. Bush. O apoio às tropas americanas continua abaixo do pico de 78% em 2006, e a avaliação da performance dos EUA no Afeganistão foi positiva em 2005 para 68% dos entrevistados.

Expectativas
O estudo ouviu 1.534 afegãos entre 11 e 23 de dezembro e tem margem de erro de três pontos.
Uma das mudanças mais significativas foi um aumento de 30 pontos, para 70%, no número de afegãos que dizem que o país vai na direção correta. Outros 71% acreditam que suas vidas melhorarão daqui a um ano, um recorde, com crescimento de 20 pontos em relação ao ano anterior.
Em um resultado preocupante para as potências que sustentam a tentativa do Afeganistão de se democratizar, 43% dos cidadãos afirmam preferir um Estado islâmico, contra 32% mais favoráveis à democracia. No leste, perto da fronteira com o Paquistão e onde se acredita que a liderança da Al Qaeda esteja escondida, a preferência pelo Estado islâmico chega a 56%.
E, apesar dos indícios generalizados de fraude nas eleições que reelegeram Hamid Karzai, 71% dos entrevistados afirmam que a atuação do presidente é "boa" ou "ótima", e 75% se dizem satisfeitos com o resultado da votação. Mas a avaliação cai se consideradas as áreas onde os conflitos são mais intensos, como na Província de Helmand (sul), onde apenas 40% dão "bom" ou "ótimo" a Karzai.


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