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Chávez leva cruzada contra Bush a reduto de Morales
Venezuelano diz que "império contra-ataca" com visita de americano à região
Bolívia adere ao Banco do Sul, fundo proposto pela Venezuela; turnê de Chávez segue à Nicarágua e passa ainda por Jamaica e Haiti
Martin Alipaz/Efe
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Em jipe militar, Chávez e Evo Morales acenam ao público de cerca de 4.000 pessoas antes de comício em El Alto, periferia de La Paz |
REDAÇÃO
Diante de centenas de apoiadores do governo Evo Morales,
o presidente venezuelano, Hugo Chávez, fez ontem seu segundo comício anti-EUA em
três dias e acusou o governo
americano de planejar "assassinatos de líderes e golpes de Estado" na América Latina.
"O império contra-ataca e é o
próprio chefe quem conduz o
ataque", disse Chávez em El Alto, nos arredores de La Paz, reduto dos movimentos sociais
que apóiam Morales.
O venezuelano repetiu as críticas à turnê de George W.
Bush, dessa vez com ênfase no
"alerta" sobre a intenção americana de filtrar-se e cooptar as
Forças Armadas dos países latino-americanos.
Prometeu que Caracas e La
Paz resistirão à ofensiva mesmo que seja preciso luta armada. "Se alguma força estrangeira ou crioula [local] atacasse
nosso povo, começaria a guerra
dos cem anos", disse, em base
militar da cidade.
Ato falho
Ontem, como na sexta-feira
em um ato na Argentina, Chávez acusou Bush de "hipócrita"
e de oferecer esmolas à região.
Enquanto ele segue na cruzada anti-EUA, o presidente americano resolveu não responder
a perguntas sobre a Venezuela
nem citar o nome do oponente,
estratégia para tentar evitar
que notícias da turnê concentrem os holofotes na disputa.
Em entrevista ontem ao canal de TV Fox, gravada em
Montevidéu, o presidente americano cometeu um ato falho ao
comentar sua visita ao Uruguai,
no sábado, e traiu sua própria
estratégia: "A Venezuela tem
carnes fantásticas. Quero dizer,
o Uruguai tem carnes fantásticas. Passamos muito bem comendo carne", disse.
Em El Alto, Chávez, que já
havia desafiado Bush a falar sobre ele, voltou a provocar: disse
que o americano parece ter "taquicardia" ao dizer seu nome.
O presidente boliviano, Evo
Morales, fez um discurso com
menos ataques diretos aos EUA
e acusações de conspiração.
Preferiu comparar a receptividade popular de Chávez na região à de Bush: afirmou que, enquanto o americano enfrenta
protestos por onde passa, o venezuelano era recebido por
4.000 pessoas em El Alto.
Chávez está na Bolívia desde
anteontem, quando entregou
ao país dois helicópteros e tratores para ajudar na reconstrução de áreas atingidas por uma
enchente em fevereiro.
Bolívia e Venezuela assinaram ontem também memorando de entendimento para a adesão do país de Morales ao Banco do Sul, fundo comum para a
região lançado por Chávez. O
Brasil assinou na sexta-feira
sua adesão à iniciativa, após
meses de declarações reticentes de ministros brasileiros.
O venezuelano deixou a Bolívia ontem em direção à Nicarágua, onde encontrou outro aliado, o presidente Daniel Ortega.
A previsão é que hoje e amanhã
Chávez visite a Jamaica e o
Haiti. Bush estará na América
Central, na Guatemala.
Com agências internacionais
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