São Paulo, segunda-feira, 12 de março de 2007

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Chávez leva cruzada contra Bush a reduto de Morales

Venezuelano diz que "império contra-ataca" com visita de americano à região

Bolívia adere ao Banco do Sul, fundo proposto pela Venezuela; turnê de Chávez segue à Nicarágua e passa ainda por Jamaica e Haiti


Martin Alipaz/Efe
Em jipe militar, Chávez e Evo Morales acenam ao público de cerca de 4.000 pessoas antes de comício em El Alto, periferia de La Paz


REDAÇÃO

Diante de centenas de apoiadores do governo Evo Morales, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, fez ontem seu segundo comício anti-EUA em três dias e acusou o governo americano de planejar "assassinatos de líderes e golpes de Estado" na América Latina.
"O império contra-ataca e é o próprio chefe quem conduz o ataque", disse Chávez em El Alto, nos arredores de La Paz, reduto dos movimentos sociais que apóiam Morales.
O venezuelano repetiu as críticas à turnê de George W. Bush, dessa vez com ênfase no "alerta" sobre a intenção americana de filtrar-se e cooptar as Forças Armadas dos países latino-americanos.
Prometeu que Caracas e La Paz resistirão à ofensiva mesmo que seja preciso luta armada. "Se alguma força estrangeira ou crioula [local] atacasse nosso povo, começaria a guerra dos cem anos", disse, em base militar da cidade.

Ato falho
Ontem, como na sexta-feira em um ato na Argentina, Chávez acusou Bush de "hipócrita" e de oferecer esmolas à região.
Enquanto ele segue na cruzada anti-EUA, o presidente americano resolveu não responder a perguntas sobre a Venezuela nem citar o nome do oponente, estratégia para tentar evitar que notícias da turnê concentrem os holofotes na disputa.
Em entrevista ontem ao canal de TV Fox, gravada em Montevidéu, o presidente americano cometeu um ato falho ao comentar sua visita ao Uruguai, no sábado, e traiu sua própria estratégia: "A Venezuela tem carnes fantásticas. Quero dizer, o Uruguai tem carnes fantásticas. Passamos muito bem comendo carne", disse.
Em El Alto, Chávez, que já havia desafiado Bush a falar sobre ele, voltou a provocar: disse que o americano parece ter "taquicardia" ao dizer seu nome.
O presidente boliviano, Evo Morales, fez um discurso com menos ataques diretos aos EUA e acusações de conspiração. Preferiu comparar a receptividade popular de Chávez na região à de Bush: afirmou que, enquanto o americano enfrenta protestos por onde passa, o venezuelano era recebido por 4.000 pessoas em El Alto.
Chávez está na Bolívia desde anteontem, quando entregou ao país dois helicópteros e tratores para ajudar na reconstrução de áreas atingidas por uma enchente em fevereiro.
Bolívia e Venezuela assinaram ontem também memorando de entendimento para a adesão do país de Morales ao Banco do Sul, fundo comum para a região lançado por Chávez. O Brasil assinou na sexta-feira sua adesão à iniciativa, após meses de declarações reticentes de ministros brasileiros.
O venezuelano deixou a Bolívia ontem em direção à Nicarágua, onde encontrou outro aliado, o presidente Daniel Ortega. A previsão é que hoje e amanhã Chávez visite a Jamaica e o Haiti. Bush estará na América Central, na Guatemala.


Com agências internacionais

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