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ANÁLISE
Fase convencional acabou
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
A primeira fase do conflito, de
guerra convencional, terminou
no Iraque. Começa agora a fase de
ocupação. A primeira foi um
grande sucesso. A segunda ainda
é uma incógnita.
A fuga de todo um corpo de
Exército (unidade englobando
várias divisões), no norte do Iraque, foi o sinal de que a resistência
militar organizada e convencional
terminou. E junto com os generais, também fugiram figuras
principais do regime.
Eles estão mortos ou fugindo,
declarou o general americano
Tommy Franks em uma entrevista coletiva realizada na base aérea
de Bagram, no Afeganistão.
A visita de Franks a esse outro
ponto dentro da região sob seu
comando é um claro sinal de que
sua presença no posto de comando da guerra no Iraque não é tão
fundamental no momento.
Funcionários do Departamento
da Defesa em Washington também afirmaram às agências internacionais que não resta mais nenhuma grande unidade militar
iraquiana. O Exército de Saddam
Hussein se dissolveu de vez com a
queda do regime.
Também já não restam muitos
alvos para as forças aéreas anglo-americanas, tanto que ontem foi
anunciado que quatro caças-bombardeiros britânicos Tornado já tinham voltado para sua base aérea na Escócia.
Mas nem se pensa ainda em retirar tropas terrestres, já que restam bolsões de resistência e os
soldados são necessários para a
ocupação do país. Uma força rapidamente enfraquecida também
se torna uma tentação para ataques suicida e emboscadas.
A falta de planejamento para essa fase inicial da ocupação ficou
clara na permissividade aos saques. As tropas americanas não
controlaram as multidões, como
seria sua obrigação fazer, pelas
leis internacionais da guerra.
Fuzileiros navais e soldados
também apresentam dificuldades
para lidar com civis. Não são treinados para servir de polícia. Atiram antes e perguntam depois,
produzindo imagens dramáticas
que continuam alimentando a
propaganda antiamericana.
O comandante do 4º Batalhão
do 64º Regimento Blindado americano, tenente-coronel Philip
DeCamp, deu uma declaração
significativa a um dos correspondentes. "Agora eu me sinto como
em Beirute, Líbano, esperando
pelos homens-bomba", declarou
o tenente-coronel.
Se oficiais americanos pensam
assim, a ocupação militar do país
tende a ser algo muito delicado.
Todo civil torna-se um combatente suicida em potencial.
A idéia de conquistar os "corações e mentes" da população surgiu na Guerra do Vietnã. Mas, ao
mesmo tempo em que vacinavam
crianças e distribuíam alimentos,
os americanos usavam indiscriminadamente seu poder de fogo
em "free-fire zones" (áreas de tiro
livre), matando civis a granel.
Uma força de ocupação tem de
conquistar a confiança e mesmo a
cumplicidade da população, especialmente de uma que estava
em cima do muro durante a
maior parte da guerra. As relações
entre civis e militares não podem
se limitar a jogar pacotes de bolacha e chocolate para crianças.
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