|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Xiita retoma
culto público
em Basra
MARC SANTORA
DO "THE NEW YORK TIMES", EM BASRA
Pela primeira vez em mais de
três décadas, os muçulmanos xiitas em Basra puderam rezar sem
medo de que agentes de Saddam
Hussein estivessem ouvindo.
Muitos se juntaram em volta da
mesquita Jamia Imam al-Sadiq,
danificada por forças de Saddam
na repressão ao levante xiita de
1991 (o ex-ditador é sunita, ramo
muçulmano minoritário no país).
Depois de tocar com as cabeças
pedras de oração em tapetes estirados nas ruas poeirentas, eles se
levantaram e se abraçaram, revelando a redescoberta da expressão aberta da fé.
Um idoso puxou um jovem em
farrapos para os seus braços e os
dois se abraçaram, com a cabeça
no ombro um do outro.
"Este é um dia realmente fantástico", disse Jasam Hamad, que se
juntou à multidão que rezava.
"Por 35 anos, nós tivemos de rezar dentro das nossas casas, em
segredo. Agora não mais."
A mesquita traz as cicatrizes do
passado. Seus tijolos têm marcas
de balas, e só a base do minarete
sobrevive. O resto foi pulverizado
durante o levante de 1991.
"Muita gente morreu", disse
outro homem, do lado de fora da
mesquita, que se identificou apenas como Hammad. "Seis meses
depois da destruição da torre,
achamos um corpo sob os tijolos", continuou.
As pessoas dizem que a repressão tomou também outras formas. Xiitas que tentavam visitar
as cidades de Karbala e Najaf, por
exemplo, eram parados em postos de controle, e imãs eram confinados em suas casas. "Eles espionavam e se vingavam se alguém saísse da linha", disse.
Texto Anterior: Análise: Fase convencional acabou Próximo Texto: Capital tem incêndios e mais saques Índice
|