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São Paulo, sábado, 12 de abril de 2003

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Xiita retoma culto público em Basra

MARC SANTORA
DO "THE NEW YORK TIMES", EM BASRA

Pela primeira vez em mais de três décadas, os muçulmanos xiitas em Basra puderam rezar sem medo de que agentes de Saddam Hussein estivessem ouvindo.
Muitos se juntaram em volta da mesquita Jamia Imam al-Sadiq, danificada por forças de Saddam na repressão ao levante xiita de 1991 (o ex-ditador é sunita, ramo muçulmano minoritário no país). Depois de tocar com as cabeças pedras de oração em tapetes estirados nas ruas poeirentas, eles se levantaram e se abraçaram, revelando a redescoberta da expressão aberta da fé.
Um idoso puxou um jovem em farrapos para os seus braços e os dois se abraçaram, com a cabeça no ombro um do outro.
"Este é um dia realmente fantástico", disse Jasam Hamad, que se juntou à multidão que rezava. "Por 35 anos, nós tivemos de rezar dentro das nossas casas, em segredo. Agora não mais."
A mesquita traz as cicatrizes do passado. Seus tijolos têm marcas de balas, e só a base do minarete sobrevive. O resto foi pulverizado durante o levante de 1991.
"Muita gente morreu", disse outro homem, do lado de fora da mesquita, que se identificou apenas como Hammad. "Seis meses depois da destruição da torre, achamos um corpo sob os tijolos", continuou.
As pessoas dizem que a repressão tomou também outras formas. Xiitas que tentavam visitar as cidades de Karbala e Najaf, por exemplo, eram parados em postos de controle, e imãs eram confinados em suas casas. "Eles espionavam e se vingavam se alguém saísse da linha", disse.


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