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REPRESSÃO
Condenados haviam sequestrado um barco para fugir para os EUA
Cuba executa 3 em processo sumário
DA REDAÇÃO
Três homens condenados em
Cuba pelo sequestro de uma lancha de passageiros na semana
passada foram executados ontem
após um rápido julgamento. Eles
foram condenados à morte na última terça-feira por "atos muito
graves de terrorismo", e a sentença foi mantida pelo Supremo Tribunal de Cuba e pelo Conselho de
Estado, presidido pelo ditador Fidel Castro (no poder desde 1959).
Segundo nota oficial, o Conselho de Estado estudou o pedido
de apelação por várias horas, levando em conta a seriedade da
punição, mas decidiu mantê-la
devido "ao perigo potencial não
apenas para as vidas de numerosos inocentes como também para
a segurança da nação".
O conselho concluiu que "as decisões de ambas as cortes foram
absolutamente justas".
A pena capital em Cuba é levada
a cabo com fuzilamento, mas não
era empregada desde abril de
2000. Mais quatro envolvidos no
sequestro foram condenados à
prisão perpétua e outros quatro a
penas de dois a 30 anos.
"A execução desses homens já é
uma violação aos direitos humanos, mas fazer isso menos de duas
semanas após os crimes pelos
quais são acusados mostra um
desprezo flagrante do direito de
defesa", disse José Miguel Vivanco, diretor-executivo da Human
Rights Watch, entidade de defesa
dos direitos humanos.
Para o diretor-executivo da
Fundação Nacional Cubano-Americana, que reúne cubanos
exilados nos EUA, as execuções
são "um ato de barbárie" próprio
de "um regime criminoso".
No último dia 2, um barco que
transportava cerca de 50 passageiros de um lado a outro da baía de
Havana (capital) foi sequestrado
por um grupo de homens e mulheres armados com pelo menos
uma pistola e várias facas.
O capitão foi obrigado a navegar rumo aos EUA, mas a embarcação ficou sem combustível no
estreito da Flórida. Dois barcos da
Guarda Costeira Cubana tentaram convencer os sequestradores
a voltar à ilha, mas os sequestradores ameaçaram jogar os passageiros no mar.
Finalmente, eles aceitaram ser
rebocados a Cuba para reabastecimento, mas, ao chegarem a um
porto perto de Havana, foram
surpreendidos e dominados pela
polícia.
Um dia antes, um avião de passageiros havia sido sequestrado
por um homem que alegou possuir duas granadas e foi desviado
para Key West, na Flórida. As granadas eram falsas. Dez dos passageiros a bordo decidiram ficar nos
EUA, e 19 quiseram retornar a
Cuba. Duas semanas antes, outro
avião havia sido sequestrado.
O regime cubano acusa os EUA
de adotarem uma atitude condescendente diante de vários sequestros realizados nos últimos meses
por cubanos interessados em alcançar o território americano.
No final de março, o regime cubano prendeu 79 dissidentes e,
entre 3 e 7 de abril, 75 deles foram
julgados sob a acusação de apoiar
atividades "desestabilizadoras"
fomentadas pelos EUA.
Os acusados receberam penas
de até 28 anos de prisão, no que a
oposição cubana disse ser "a
maior onda de repressão" dos últimos anos.
As medidas foram condenadas
por diversos países, entre eles os
EUA, a França, a Espanha e o Canadá, pelo Parlamento Europeu e
por entidades como a Anistia Internacional. O governo brasileiro
ainda não se manifestou.
Segundo o chanceler cubano,
Felipe Pérez Roque, por trás da
disputa entre Cuba e os EUA, há o
direito de "um pequeno país próximo a uma grande potência ser
independente".
Na semana que vem, a Comissão de Direitos Humanos da
ONU deverá analisar proposta de
condenação a Cuba apresentada
por Costa Rica, Uruguai, Peru e
Nicarágua.
Nessa semana, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, criticou a onda
repressiva em Cuba.
Com agências internacionais
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