São Paulo, segunda-feira, 12 de abril de 2004

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ISRAEL

Premiê pedirá apoio ao presidente Bush nesta semana

Partido de Sharon marca data para referendo sobre retirada de Gaza

DA REDAÇÃO

O plano do premiê de Israel, Ariel Sharon, para a retirada unilateral do Exército israelense da faixa de Gaza e a evacuação de mais quatro assentamentos na Cisjordânia será submetido a um referendo entre os membros de seu partido, o Likud (centro-direita), em 29 de abril.
Com o referendo, Sharon espera obter apoio de setores mais moderados de seu partido contra grupos absolutamente contrários a qualquer retirada.
Mas a aprovação da proposta está longe de estar assegurada, pois o Likud está bastante dividido em relação ao plano. Se ganhar, o premiê ainda precisará obter aprovação do gabinete e do Knesset (Parlamento de Israel).
A data do referendo foi decidida um dia antes de Sharon viajar para Washington, onde ele buscará apoio do presidente dos EUA, George W. Bush. Os dois devem se reunir na próxima quarta-feira.
O referendo de 29 de abril entre 200 mil membros do Likud é crítico para Sharon. O premiê comprometeu-se a respeitar o resultado da votação. Se perder, a pressão para que ele saia do cargo poderá crescer.
Ontem, Sharon disse que a retirada de Gaza ajudaria a segurança de Israel, melhoraria sua imagem na comunidade internacional, estimularia a economia e reforçaria os esforços de paz. "Não há dúvida de que esse plano abre um novo caminho, no futuro, para o processo de paz", disse.
O premiê precisará do apoio americano mesmo se ganhar o referendo. Vários ministros afirmaram que não apoiarão o premiê se não houver suporte dos EUA. Segundo a imprensa local, a votação no gabinete será no dia 2 de maio; no Parlamento, um dia depois.
Sharon enviou vários conselheiros para Washington no final de semana para trabalhar nos detalhes finais da agenda do encontro com Bush.
Funcionários de Israel, que pediram para não serem identificados, afirmaram que eles esperam que os EUA se comprometam a não exigir que Israel abandone completamente a Cisjordânia. Israel também quer assegurar que os milhões de refugiados palestinos e seus descendentes sejam impedidos de retornar para Israel.
Os americanos afirmaram que apóiam a proposta da retirada unilateral de Gaza, mas somente como parte de um plano de paz internacional mais abrangente, que inclui a criação de um Estado palestino independente ao lado de Israel, com as fronteiras negociadas entre as duas partes.
Os palestinos exigem que a saída de Gaza seja parte desse plano mais amplo e querem uma evacuação maior na Cisjordânia do que a proposta por Sharon.
O ministro palestino Saeb Erekat disse que essas preocupações já foram transmitidas para os mediadores americanos. Ele afirmou que os EUA asseguraram que não tomarão nenhuma atitude que possa prejudicar um acerto final.
Diante do acirramento da crise no Iraque, o governo americano quer mostrar, a seus aliados árabes, progresso nas negociações sobre o conflito israelo-palestino. Hoje, Bush deve se encontrar com o presidente do Egito, Hosni Mubarak. No final do mês, líderes palestinos e da Jordânia devem se encontrar com funcionários da Casa Branca.
A evacuação de todos os 21 assentamentos judeus em Gaza está entre as medidas unilaterais que, na falta de um acordo de paz, Sharon propôs para separar Israel e palestinos. Funcionários israelenses afirmam que o país continua comprometido com a paz, mas que não há nenhum parceiro confiável no lado palestino.
Em um sinal da pressão interna sobre Sharon, o ministro da Agricultura, Israel Katz, do alto escalão do Likud, anunciou ontem que ele poderá se opor ao plano de retirada. Pela manhã, cerca de 400 pessoas que vivem em assentamentos judeus na faixa de Gaza protestaram contra a saída de Gaza diante da propriedade de Sharon no deserto do Negev (sul).


Com agências internacionais


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